Arte de Cuba

A mostra é o resultado de uma parceria entre a Associação Cultural Guantanamera – responsável pela divulgação da produção cultural cubana no Brasil – e o Museu Nacional de Bellas Artes de Cuba – instituição que administra a maior parte do patrimônio artístico da ilha.

Para facilitar a compreensão dos visitantes, Ania montou a mostra com duas possibilidades de leitura diferentes, a cronológica e aquela que segue o conteúdo das obras. "Um elemento muito importante da arte cubana é a busca pelas suas raízes. Tanto os questionamentos do estereótipo do negro quanto a imagem do guajiro (caipira cubano) foram fortemente explorados por artistas como René Peña ou Roberto Diago, e tais trabalhos estão presentes na exposição", comenta ela.

Outro elemento central na produção da ilha é o compromisso social dos realizadores. Nesse quesito, a mostra apresenta desde a militância explícita de autores como Marcelo Pogolotti, conhecido por uma visão marxista da sociedade, até a dramaticidade impressa nos trabalhos de Fidelio Ponde de León. "O trabalho desses artistas é voltado bastante para o povo mais humilde e para o questionamento da sociedade a partir de seus símbolos mais importantes", analisa a curadora.

O último elemento aborda as linguagens artísticas e poéticas pessoais dos participantes. "A experimentação com linguagens, longe de qualquer temática, é um elemento muito importante na produção artística cubana", diz Ania. Esse estratagema foi buscado pelos artistas locais para fugir das referências explícitas a Cuba e da idéia do engajamento, a fim de realizar uma obra de referências políticas mais sutis e abrangentes, válidas para promover uma reflexão além do contexto local.

Ícones

O movimento expoente da arte moderna cubana, a Exposición de Arte Nuevo (1927) ganha destaque especial na mostra. Arte de Cuba exibe alguns dos artistas emblemáticos desse período, como Victor Manuel (sua obra Dos Mujeres y un Paisaje é usada na identidade visual da exposição), Eduardo Abela, Marcelo Pogolotti, entre outros. Na carona desse movimento vieram nomes importantes, como os de Wifredo Lam, talvez o artista plástico cubano mais reconhecido internacionalmente, Roberto Diago, Amelia Peláez e René Portocarrero.

A exposição ainda reúne trabalhos de nomes importantes dos anos 40 e 50, como os integrantes dos grupos Los Once e 10 Pintores Concretos; dos anos 60 e 70, com obras de Raúl Martinez, Nelson Dominguez, Roberto Fabelo e Antonia Eiriz; a ebulição criativa dos anos 80, com José Bedia, Humberto Castro, Leandro Soto e Arturo Cuenca; até nomes atuais, como os de Carlos Garaicoa e Tânia Bruguera.

Segundo Ania, a arte cubana e brasileira apresentam alguns pontos de confluência. "Os dois países adotaram posturas parecidas na apreensão das linguagens vindas da Europa e sua combinação à identidade nacional de cada um", diz ela.

Música

Numa interface com a exposição, acontece ainda no CCBB-SP o festival Arte de Cuba – Sua Música, que se estende de 7 a 21 de fevereiro com uma seleção de ritmos musicais da ilha.

"Assim, a instituição oferece múltiplas possibilidades de se entender a arte cubana, marcada pela experimentação e pela diversidade de expressões a partir do século XX. Ao CCBB cabe, tendo como um de seus preceitos a difusão da cultura, proporcionar o acesso a mais essa manifestação artística, contribuindo assim para a formação de um público enriquecido culturalmente." diz Marcos Mantoan, gestor do Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo.

Depois de passar pela capital paulista, a exposição vai para o CCBB Rio, de 15 de maio a 16 de julho, e para o CCBB Brasília, de 31 de julho a 15 de outubro.

 

Arte de Cuba
CCBB São Paulo

Térreo, Subsolo, 1º, 2º e 3º andares
De 31 de janeiro a 23 de abril
Abertura no dia 30 de janeiro para convidados
De terça-feira a domingo, das 10h às 21h
Entrada franca
Rua Álvares Penteado 112. Centro
Tel.: (11) 3113-3651
E-mail: ccbbsp@bb.com.br

 

 

 

 

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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2006