Ela só quer saber de tatuar

Andrea Regis

O True Colors começa a funcionar oficialmente a partir da próxima segunda, dia 10 de abril, das 10 às 18 horas, sendo que o expediente pode ser estendido caso o cliente tenha combinado antes com a Bia.

Ah! E ainda dá pra aproveitar o trabalho do piercer Rivas Jr.. Há quatro anos atuando na body art, ele tem mais de 600 perfurações cadastradas, tendo feito parte da equipe de alguns destacados estúdios em Goiânia e São Paulo

Vá lá: Avenida Rio Branco, número 521 (Qd.03 Lt.25) Setor Urias Magalhães, Goiânia. Marque seu horário pelo 9997-9628.

 

Um pouco mais sobre a Bia

Beatriz, 21 anos, goianiense, tatuadora.

A primeira frase do profile do Orkut de Beatriz Alves de Oliveira (ainda) espanta muita gente – isso no século 21 quando, supostamente, todos os tabus deveriam ter sido derrubados.

A garota tatua profissionalmente desde novembro de 2004. Começou como piercer (profissional que aplica body piercings) em um estúdio de tatuagem, quando era estudante do ensino médio, mais ou menos quatro anos atrás.

O segundo tatuador com quem ela atuou a incentivou a aprender a arte de furar o couro.

A primeira tatuagem foi feita em uma amiga (segundo ela, “louca”) que se ofereceu para que Bia - como é conhecida - treinasse sua possível habilidade.

Aliás, segundo Beatriz, é quase sempre assim que acontece.

“São as cobaias”, diz ela, derrubando a tese de que eles começam treinando em pele de suínos (sim, você não leu errado. Porcos).

Quatro meses depois começou a tatuar profissionalmente. “Coisas mais básicas, como estrelinhas e desenhos de traços mais simples”. Depois não parou mais.

Bia não teve nenhum problema com a família ao revelar a profissão que seguiria. Pelo contrário: pai e mãe também têm tatuagens.

Só rolou uma exigência: “Se você quer ser tatuadora vai ter que se dedicar: estudar, viajar, fazer o que foi preciso”. E foi o que ela fez.

Trocou a rotina do estúdio por atendimentos Brasil afora. “Compensa mais: ganho conhecimento, troco informações e também é mais vantajoso financeiramente”.

Entre os dias 10 e 25, são dois clientes por dia, chegando ao número quatro às sextas e sábados.No resto do mês, a média é variável.

 

Dia-a-dia


A rotina de Bia começa às oito horas, quando ela acorda. Trampo, só a partir das 9 horas.

“Acordo super mal-humorada”. Depois que começa, não tem hora pra comer nem para terminar o expediente.

Trabalha com o noivo, Rivas Júnior, piercer e vocalista da banda Punho Cerrrado. Esse sim, o piercer de verdade.

“Normalmente querem tatuar com o Júnior. Não acreditam que sou a tatuadora e ele o piercer”.

Se estiver tranqüila, tem paciência pra explicar que é o contrário. Às vezes isso a irrita e ela simplesmente deixa o desconfiado falando sozinho.

A maioria dos clientes é do sexo masculino.

“Por incrível que pareça os homens são mais tranqüilos. Assustam-se no início, mas depois passam a confiar em mim.

Já as mulheres costumam ser mais preconceituosas. Infelizmente”. Situações desagradáveis também ela passa, às vezes, nas ruas.

Por ser bastante riscadinha (são 13 tattoos ao todo, sendo a primeira um cavalo marinho tribal na virilha. “Não gosto dele, mas não cubro porque foi a estréia) choca algumas pessoas.

Já passou por absurdos, tipo o transeunte fazer o sinal da cruz e outro dizer que “uma coisa dessas devia morrer”. Indiferente às opiniões alheias ela ainda planeja muitos desenhos no corpo, inclusive cobrir uma espécie de Hello Kitty alada que tem no peito.

Notadamente dedicada, Beatriz estuda e estuda. Tudo com o intuito de aprimorar-se cada vez mais.

Infelizmente, a maioria dos tatuadores não se dedica à pesquisa. Acham que tudo é uma coisa só. Mas é um universo muito complexo. São vários tipos de tatuagem, cada uma com características distintas.

Fora as tintas, máquinas...”. Ah! Ela tem uma maquininha rosa. A feminilidade, aliás, está na cara dela, nas roupas, nos acessórios (no dia da entrevista chegou com uma mochila com estampa de oncinha nas costas).

Fora a tatuagem ela tem outra atividade: Internet. Tem curso técnico de webdesigner e vive fuçando na net, principalmente para usá-la como ferramenta de pesquisa – sobre tatuagem, é claro.

Também pode ser considerada uma das tatuadoras mais conhecidas no mundo virtual (a repórter que escreveu esse texto, inclusive, descobriu a menina pelo Orkut, apesar de não lembrar especificamente onde – em uma comunidade, ou amiga de um amiga, o que não vem ao caso nesse momento).

Se pensa em mudar de profissão? “De jeito nenhum. Sou privilegiada. Meu trabalho é meu hobby”.

* Matéria publicada originalmente na revista eletrônica Bella Vip (www.bellavip.com.br)

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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2006