Marina Colasanti: clara e intensa
Apesar de admitir não ter tempo e estar `atolada de trabalho e perseguida por prazos`, a escritora Marina Colasanti concedeu esta entrevista a eNT Revista Eletrônica.
Concisa, ela revela mais do que sua opinião. Mostra dinamismo, criatividade e capacidade de se comunicar.
Um bate-papo estimulante a todos nós que vivemos a mil por hora. Depois dessa, passe na livraria mais próxima, ou solicite via e-mail um dos livros da vasta obra de Marina Colasanti. Vale a pena ir fundo e conferir sua participação no Só para Mulheres.
06 parchineses
Nádia Timm - Um evento Só para Mulheres soa como anacrônico. O que há de novo nesta abordagem?
Marina Colasanti - Não creio que haja algo de fato novo nesse evento.
É um modelo feira de consumo, bem ao gosto de uma sociedade que enfatiza excessivamente a beleza e cujo ponto de encontro predileto é o shopping.
E, no momento, nada de novo está acontecendo na área do feminino.
Nádia Timm - O que te leva a participar de um evento Só para Mulheres, no interior do Brasil?
Marina Colasanti - Trabalho muito no interior. O público é receptivo, pode-se fazer um bom trabalho integrado, eu gosto bem.
Quanto a participar de um evento “só para mulheres”, já participei de muitos, embora com outros enfoques. E pode-se aproveitar qualquer evento, para falar de coisas que contam.
Vale dizer que, quando se fala do feminino, seja aonde for, é rara a presença dos homens.
Nádia Timm - Qual o legado da mulher contemporânea?
Marina Colasanti - A mulher contemporânea – tomo isso ao pé da letra, a mulher de hoje - não está deixando um recado claro e intenso como aquele deixado pela minha geração.
Passada a grande intensidade dos movimentos feministas, as mulheres nesse momento estão – como os homens – mais interessadas no individual que no coletivo.
E se as mulheres se fazem cada vez mais presentes e atuantes na sociedade, é ainda graças ao trabalho desenvolvido no passado.
Nádia Timm - A arte sempre esteve presente em sua vida, em várias linguagens. Em que projeto está mergulhada no momento?
Marina Colasanti - Estou ilustrando um livro meu, de poesia, para jovens “Minha Ilha Maravilha” a ser publicado este ano pela editora Ática.
Acabei de ilustrar outro livro meu, para crianças, uma reedição, “A Menina Arco-íris,” que sai este ano pela editora Global.
Escrevo crônicas semanalmente. E vou cuidando da poesia, que é exigente e lenta.
Nádia Timm - Algum recado especial aos internautas que acompanham sua obra e te admiram?
Marina Colasanti - Nunca dou recados. Em vez disso, escrevo livros.
Marina Colasanti - Breve perfil
fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre
Marina Colasanti (Asmara, 26 de setembro de 1937) é uma escritora e jornalista ítalo-brasileira nascida na então colônia italiana da Eritréia. Ainda criança sua família voltou para a Itália de onde emigram para o Brasil com a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
No Brasil estudou Belas-Artes e trabalhou como jornalista, tendo ainda traduzido importantes textos da literatura italiana. Como escritora, publicou 33 livros, entre contos, poesia, prosa, literatura infantil,e infanto-juvenil.Já fez livros em versões espanhois que não constam na lista de obras abaixo.
Obras
- Fino sangue (2005)
- O homem que não parava de crescer (2005)
- 23 histórias de um viajante (2005)
- Uma estrada junto ao rio (2005)
- A morada do ser (1978, 2004)
- Fragatas para terras distantes (2004)
- A moça tecelã (2004)
- Aventuras de pinóquio – histórias de uma marionete (2002)
- A casa das palavras (2002)
- Penélope manda lembranças (2001)
- A amizade abana o rabo (2001)
- Esse amor de todos nós (2000)
- Ana Z., aonde vai você? (1999)
- Gargantas abertas (1998)
- O leopardo é um animal delicado (1998)
- Histórias de amor (série “Para gostar de ler” vol. 22) (1997)
- Longe como o meu querer (1997)
- Eu sei mas não devia (1995)
- Um amor sem palavras (1995)
- Rota de colisão (1993)
- De mulheres, sobre tudo (1993)
- Entre a espada e a rosa (1992)
- Cada bicho seu capricho (1992)
- Intimidade pública (1990)
- A mão na massa (1990)
- Será que tem asas? (1989)
- Ofélia, a ovelha (1989)
- O menino que achou uma estrela (1988)
- Aqui entre nós (1988)
- Um amigo para sempre (1988)
- Contos de amor rasgado (1986)
- O verde brilha no poço (1986)
- E por falar em amor (1985)
- Lobo e o carneiro no sonho da menina (1985)
- A menina arco iris (1984)
- Doze reis e a moça no labirinto do vento (1978)
- Uma idéia toda azul (1978)
Texto de Marina Colasanti que circula na Internet :
- Assim que anoiteceu, saiu para pescar. Peixes não, estrelas.
Afastou-se da casa, atravessou um campo até o seu limite.
Na linha do horizonte, sentado à beira do céu,
abriu a caixa das frases poéticas que havia trazido como iscas.
Escolheu a mais sonora, prendeu-a firmemente na rebarba luzidia.
Depois, pondo-se de cabeça para baixo, lançou a linha no imenso azul,
deixando desenrolar todo o molinete.
E, paciente, enquanto a Lua avançava sem mover ondas,
começou a longa espera de que uma estrela viesse morder o seu anzol.
eNT...