Uma Ponte Entre o Brasil e Japão

A cultura japonesa deixou reflexos no cotidiano brasileiro das mais diversas maneiras.

Está presente nas lutas marciais, nos desenhos animados, nos mangás, nos banhos relaxantes dos ofurôs e até mesmo nos karaokês.

Essa crescente procura pela cultura nipônica aqui no Brasil tem um motivo: "A abertura comercial, o movimento de abertura do ocidente às culturas e saberes do Oriente e a relativa facilidade de encontrar objetos japoneses no Brasil", explica a professora do Instituto de Letras (IL) da Universidade de Brasília (UnB) Ilka Hitomi Joko-Veltman, estudiosa da imigração japonesa no país.

De fato, a população vinda da terra do sol nascente no Brasil é enorme.

Aqui viviam mais de 80 mil japoneses natos e cerca de 1,5 milhão de descendentes em 1998 - quando houve um grande levantamento feito pela Embaixada.

Tudo começou em junho de 1908, quando o navio Kasato-Maru atracou no porto de Santos trazendo os imigrantes que vinham com a bagagem e a sabedoria de uma cultura milenar.

Na UnB, tanto a presença de descendentes como a divulgação da cultura oriental fez aumentar a procura pelo estudo da língua. "Em 1981, quando a universidade começou com o ensino do idioma ainda na modalidade extensão, tínhamos apenas uma turma de 20 alunos. Em 2006, foram cerca de 380 inscritos nas disciplinas de japonês do curso de licenciatura", quantifica a professora do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução Alice Joko.

"No primeiro semestre de 2006, abrimos três turmas de Língua Japonesa 1 e todas lotaram. Ainda assim, muitos alunos não conseguiram vaga. Além disso, nos cursos de extensão, que abrimos todos os semestres, a procura é cada vez maior", completa Ilka.

Segundo ela, ao estudar a língua do Japão, aprende-se muito sobre a cultura do país e da própria humanidade. "A importância do idioma é enorme. Eles têm uma história milenar riquíssima. E grande parte do material não está traduzido, apesar do que já foi feito", comenta.

Outro incentivo para aprofundar o interesse no idioma é o fato dele estimular o cérebro. O alfabeto japonês é composto de ideogramas chineses, que se originaram de imagens e dois silabários derivados desses ideogramas.

Já a procura entre os mais jovens muitas vezes está ligada aos personagens de desenhos animados, mangás ou jogos, bem como às letras das músicas que acompanham esses produtos culturais.

"Ouço muito de meus alunos que eles querem se sentir mais próximos do universo dos personagens e cantores de que são fãs", lembra a professora.

JAPONESES EM BRASÍLIA- As pesquisadoras também participam de um projeto de pesquisa do Núcleo de Estudos Asiáticos da UnB que vai reconstruir a trajetória do imigrante japonês no Distrito Federal.

A intenção é divulgar os resultados em 2008, quando será comemorado o centenário da imigração japonesa no Brasil.

Enquanto isso, a equipe coleta depoimentos, fontes históricas e bibliográficas publicadas na língua oriental e em português para desenvolver o trabalho.

Já se sabe que a vinda de japoneses foi estimulada durante a instalação da nova capital no DF, com o intuito de iniciar o cultivo de hortaliças e legumes.

"Dizem que JK [Juscelino Kubitschek foi perguntado sobre o porquê de ter chamado agricultores japoneses para cultivar a terra no Cerrado. A resposta parece ter sido: 'porque tentamos cultivar e não conseguimos.'", conta Ilka.

Os japoneses trouxeram técnicas e sementes adequadas para o cultivo e desenvolveram outras metodologias aqui.

A Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica) teve papel importante, em parceria com a Embrapa, no desenvolvimento do cerrado como frente agrícola. "O DF não seria o grande produtor de grãos e alimentos que é hoje sem o desenvolvimento e utilização dessas técnicas e pesquisas", analisa.

 

CONTATO
Professora Ilka Joko-Veltman pelo telefone (61) 3272 4676 ou pelo e-mail ilkajv@gmail.com.
Professora Alice Joko pelo e-mail joko@unb.br.

fonte: Assessoria de Imprensa da Universidade de Brasília

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