Nádia Timm

Verso insone

O dia amanheceu redondo


e se espreguiça amarelo azul

O dia chega ao meio\ e vem a fome de poesia

à tarde: uma alegria
tímida, vagarosa

a poeta atravessa a avenida,
ainda é cedo para versar

vem a noite,
e embala a vontade de só sentir

pulsar
coração-estrela-lua

à meia-noite, o poema sonâmbulo
brinca com sombras pela casa
outra medida para o tempo


ainda assim não sonha,


dança

 

duas da madrugada:
água escorre na vidraça,
ela sente frio nos pés

a vigília encontra prazeres secretos
no silêncio da palavra escrita

gota à gota
pinga outra metáfora, distante vocabulário
de alguma língua perdida

onde haveria de caber
tanta poesia
inútil,

desmedida?

 

Em que calendário? Em que reentrância, caverna, pirâmide, túnel, nave?

escuta o eco de uma voz/

/ vibra
suave prazer

desliza, expande

De onde vem o pássaro da poesia, imensa ave?

estranha e bela ave do paraíso
abre as asas e plana


Na madrugada febril,
a beleza do verso
esparrama azul

azul marítimo
azul terráqueo

um poema apaixonado, louco

amanhece

eNT...

CRÔNICAS di-VERSOS
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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2006