500 Almas


“500 almas” é uma alusão ao número de índios guatós restante no Pantanal matogrossense.

Nômades, estes indígenas parecem fadados ao desaparecimento, já que só os anciões ainda conhecem o idioma. Os descendentes mais novos são alfabetizados, quando muito, em português, o que condena a cultura guató à extinção.

É sobre esta encruzilhada que “500 almas” se detém. Narra, sem começo, meio e fim tradicionais, os estertores de um povo. A trágica história dos índios matogrossenses ganha a tela de maneira semelhante a um redemoinho que invade as águas.

Este é o elemento destes nativos, exímios artesãos de canoas e moradores da Ilha Insua, perto da fronteira com a Bolívia.

Em seu primeiro longa, Joel Pizzini investiga a fundo o passado dos guatós. Na década de 1960, a Funai os julgava extintos. No entanto, em meados dos anos 70, missionários descobriram vários descendentes em pontos distintos do Pantanal.

E, após batalhas jurídicas pela posse da terra, a tribo se reuniu novamente em seu antigo território, a Ilha Insua. Na área, foram encontrados pedaços de cerâmica que datam a presença desses nativos antes da chegada do colonizador europeu. Medição feita nos Estados Unidos atesta ser a tribo matogrossense uma civilização milenar.

O retorno à ilha constituiu uma importante conquista do povo guató. Suas terras foram demarcadas pelo governo brasileiro, embora intensamente cobiçadas por fazendeiros.

A lingüista Adair Palácio, uma das participantes do filme, que traça paralelos belíssimos no idioma nativo, e o poeta Manoel de Barros, cujos sonoros versos já tinham motivado “Caramujo-flor”, primeiro e premiado curta de Pizzini, de 1988.

Ainda há seqüências ficcionais protagonizadas pelo ator Paulo José. O intérprete do mítico “Macunaíma” também narra trechos em off. E protagoniza trecho da peça de Jean-Claude Carrière, “Controvérsia em Valladolid”, sobre o encontro entre o emissário papal e um missionário (Matheus Nachtergaele).

Sem tons panfletários, “500 almas” reflete sobre a participação do homem branco na morte anunciada de um povo nativo.

Através de depoimentos de parentes e amigos, é descrita a bárbara morte do líder indígena, ocorrida em 1982. Os acusados do crime – três caçadores de jacaré - nunca foram julgados. Já os fazendeiros permitiam que o gado comesse as pequenas plantações de subsistência dos nativos. Isto com a complacência do Exército brasileiro.

Imagens dos índios feitas pelo marechal Rondon, no começo do século passado, dão um tom nostálgico ao documentário. Artefatos e desenhos dos guatós no auge de sua civilização hoje só são encontrados no Museu Etnográfico de Berlim, na Alemanha, onde estão peças recolhidas em expedições européias feitas em séculos passados.

O fascínio pela água aproxima civilizações tão distintas quanto a alemã e a guató. Pizzini sobrepõe cenas de “Os Nibelungos” (1924), do alemão Fritz Lang, à da floresta do Pantanal, sugerindo uma inusitada associação.


Ainda que calcado em profunda pesquisa antropológica, Pizzini não fez de “500 almas” um filme “sobre índios”. Ele define o documentário como “etnopoético”, pois agrega liberdade narrativa a informações formais. Junta assim as peças de um mosaico, atitude mais adequada para refletir a fragmentação da cultura guató.


Embora “500 almas” seja um caleidoscópio de imagens e relatos, a seqüência que encerra o filme resume o clímax da extinção de uma nação indígena. A câmera passeia por canoas e águas do Pantanal enquanto é narrada a passagem bíblica sobre a Torre de Babel e a decisão divina de espalhar povos e idiomas distintos sobre a Terra. Em seguida, imagens de velhos guatós, os últimos de uma geração, conversando no idioma nativo.
Pouco antes de o filme disputar o Festival de Brasília de 2004, somente 30 índios falavam o idioma guató.

Os Guatós lutam para manter sua língua e pátria.

Breve Sinopse

Um filme "etnopoético" que desvenda o universo mítico e existencial da cultura guató, uma etnia milenar que vive hoje dispersa pela região do Pantanal.
Recorrendo a uma narrativa que procura dialogar com a memória estilhaçada deste povo, o filme constrói uma espécie de mosaico para revelar a saga dos Guatós que lutam desesperadamente pela manutenção de sua identidade.

O filme experimenta enfim as correspondências entre a língua indígena e a linguagem cinematográfica para falar das contradições e paradoxos dos discursos relativos à questão indígena refletindo assim sobre a imagem que a sociedade e o próprio índio fazem de sua cultura.


Entrevistas:

JOEL PIZZINI - DIRETOR

Nascido no Rio e criado no Mato Grosso do Sul, JOEL PIZZINI, divide-se hoje entre São Paulo e Rio de Janeiro. Pizzini é um dos mais premiados documentaristas brasileiros. A poesia e a livre associação de imagens -- sugestiva ao espectador -- são marcas de seus filmes.

Tem no currículo curtas como “Caramujo-flor”, de 1988 (melhor diretor no Festival de Brasília e melhor curta em Huelva, na Espanha), “Enigma de um dia”, de 1996 (melhor curta em Gramado e seleção oficial em Veneza), “Glauces – Estudo de um rosto”, de 2001 (melhor filme e melhor montagem, em Brasília) e “Abry”, de 2003, sobre a trajetória de dona Lúcia Rocha, mãe de Glauber (Melhor Curta no “É Tudo Verdade”).

O documentário “500 almas” é seu primeiro longa-metragem.

Como você descobriu os Guatós?


Nasci no Rio e quando tinha 6 meses de idade minha família mudou-se para Dourados (MS), onde estudei com vários índios. Por volta de 1977, a Funai descobriu uma tribo que julgava extinta na década anterior. Já na época a notícia me marcou muito.

Foi aquela imagem mítica da “ressurreição” de uma nação indígena que me fez querer conhecer a Ilha Ínsua, onde hoje eles estão. Em 1987, fui com uma representante do IPHAN até a ilha e fiquei muito preocupado com a uma aparente imobilidade deles. Voltei para São Paulo e comecei a escrever um roteiro sobre os Guatós.

A Fundação Rockfeller deu suporte a uma ampla pesquisa, que incluiu visita ao Museu de Antropologia de Berlim, que concentra um enorme acervo de fotos, desenhos e artefatos dos Guatós, recolhidos em três expedições ao Pantanal no começo do século passado.

Quanto tempo o filme levou para ficar pronto?


Filmamos um mês no Mato Grosso, em várias cidades e no Pantanal, e duas semanas na Alemanha...Mais tarde voltamos ao Mato Grosso do Sul para fazer imagens de um índio que pede demarcação de terras em uma área mais ao sul no Pantanal, conhecida como Baía dos Guatós.

E demoramos mais dois anos para conseguir aquelas imagens aéreas, que dão uma idéia da vastidão da região e produzem aquele efeito geométrico. Nós usamos uma câmera que vai acoplada embaixo do helicóptero. Mas para usar este equipamento, tinha que ser um modelo especial. Daí a demora.

Depois, eu e a montadora Idê Lacreta levamos seis meses para editar o filme. Pensamos em fazer um trançado, montar um mosaico com os vários feixes narrativos. Por isso, “500 almas” não é um documentário tradicional, com começo, meio e fim.


Entre a pesquisa e as filmagens, “500 almas” levou cinco anos, entre 1999 e 2004, para ficar pronto.

 

O filme tem depoimentos de vários indígenas. Eles estão absolutamente à vontade, nem parecem estar sendo filmados. Como você e a equipe conseguiram isso?


Quando lá chegamos para filmá-los, não tinham mais aquela imobilidade que eu havia descrito no roteiro inicial. Descobrimos que aquela inércia era apenas um expediente para manterem-se a salvo.

Quando sentiram que o filme era favorável a eles, eles se “apossaram” do documentário. Teve um senhor, de 102 anos, que nos chamou para dar seu depoimento.

Procuramos não interferir na rotina deles. O Mário Carneiro (diretor de fotografia) usou rebatedores para usar o máximo de luz natural possível. Não me sentiria à vontade para fazer um filme “sobre índios”, não sou antropólogo.

Embora tenha desenvolvido uma pesquisa rica e profunda, costumo definir o documentário como “etnopoético”. O filme é antes poesia do que um tratado antropológico.



Sua equipe tinha dois gigantes da fotografia do cinema brasileiro: os diretores Mário Carneiro e Dib Lufti, que trabalhou como câmera. Como foi filmar um mês com eles no Pantanal?


A presença dos dois foi fundamental para o resultado do filme. Mário é um pintor de formação. Sabia da impossibilidade de focar o verde, cor predominante na floresta do Pantanal.

Por isso, “500 almas” valeu-se tanto da luz natural e da água, outros elementos que dão vida ao Pantanal. Dib é sutil, capta imediatamente o que a gente quer e oferece sempre mais. Sua câmera na mão é precisa.

 

“500 almas” narra a morte anunciada de uma língua, e consequentemente, a de um povo. Qual foi sua intenção ao contar esta história?


Não faria sentido fazer um filme que não tivesse uma perspectiva reflexiva, inclusive sobre o que é a morte de uma cultura.

Penso que "500 Almas" propõe uma reflexão e aponta contradições e paradoxos em torno dos discursos sobre a questão indígena, sempre admitindo uma perplexidade sobre o destino que reserva a esta etnia..

 

Pode ser até que minha postura seja utópica, romântica mas confesso que o que moveu a fazer esse filme, antes de tudo, foi um sentimento visionário.


“500 almas” participou do Festival de Brasília de 2004. Por que só agora está chegando ao circuito comercial?


Neste meio tempo, investi na carreira internacional do filme. “500 almas” foi exibido no Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York e participou de festivais em Mar del Plata (Argentina), Tóquio, Havana, Montreal (Canadá) e Turim (Itália).

Também trabalhei em outros projetos. Escrevi e dirigi dois documentários para a série “Retratos brasileiros”, do Canal Brasil, um sobre a atriz Helena Ignez, outro sobre o poeta Manoel de Barros. E fiz ainda “Dormente”, curta sobre a população que vaga nas estações ferroviárias de São Paulo.

Qual o seu próximo projeto?


Estou terminando o terceiro tratamento do roteiro de “Mundéu”, meu primeiro longa de ficção, sobre Mário Peixoto, diretor do mítico “Limite”. Fui muito amigo dele, que me autorizou a fazer uma ficção sobre sua vida.


Não vai ser uma cinebiografia. Vou me ater ao período em que ele escreve o roteiro de “Limite” tenta convencer outros diretores a filmá-lo, mas não tem êxito.

Humberto Mauro devolveu-lhe o roteiro dizendo que só o autor poderia fazer aquele filme. E Mário Peixoto era um garoto ainda quando dirigiu “Limite. Tinha pouco mais de 20 anos.

 

MÁRIO CARNEIRO – DIRETOR DE FOTOGRAFIA

Pintor e gravurista, aos 77 anos, MÁRIO CARNEIRO é o decano dos diretores brasileiros de fotografia. Tem dezenas de filmes em seu currículo, entre eles “O padre e a moça”, de Joaquim Pedro de Andrade, e “A casa assassinada”, de Paulo César Saraceni.

Seu trabalho mais recente foi em 2005, o curta “Dormente”, de Joel Pizzini. Em 1994, a fotografia de “500 almas” foi premiada com o Candango no Festival de Brasília.

 

Você já havia trabalhado com Joel Pizzini anteriormente?


Nossa primeira parceria foi “Enigma de um dia”, de 1996, sobre o italiano De Chirico, que foi mestre do grande pintor Iberê Camargo.

Pizzini me chamou porque sabia que eu tinha sido aluno do Iberê e que minha presença o tornaria mais acessível (risos). Este encontro com o Iberê rendeu ainda “O pintor”, um documentário.

Depois fizemos juntos alguns programas de uma série sobre artistas brasileiros para o Canal Brasil. E fotografei o mais recente curta de Pizzini, “Dormente”.

Visualmente, “500 almas” é um mosaico com textura de pintura. Como obteve este resultado?


Tivemos muita sorte, os dias foram ensolarados. Levei dois rebatedores grandes para usar o mínimo de luz artificial. Usei a luz do Pantanal, que é belíssima. Como isso, obtivemos belos contrastes e passagens suaves que quebraram a homogeneidade do verde da mata.

E foi muito complexo filmar no Pantanal?


Tínhamos uma limitação. A gente começava a filmar às 6h e ia até, no máximo, às 16h. Depois deste horário, não havia mais luz...

 

Você fotografou dezenas de filmes de ficção. Qual a principal diferença entre os dois gêneros (documentário e ficção)?


Na ficção, não há sobressaltos, você trabalha em cima de um roteiro prévio. Já o documentário lhe dá mais liberdade criativa, é sempre uma aventura. Temos sempre que lidar com o inusitado.

E como foi trabalhar com o Dib Lutfi fazendo a câmera?
Eu conheço o Dib há muito tempo. Em 1968, ele fez a fotografia de “Edu, coração de ouro” até a metade e eu conclui o filme. É um estupendo fotógrafo e adora fazer câmera, desde que haja quem ilumine. Então eu media a luz e ele ia embora filmando. Dib é muito ousado, se mete em qualquer buraco para obter uma boa imagem.

Vocês filmaram muitas horas?
Tínhamos muito material. Filmamos duas vezes no Pantanal, em cidades do Mato Grosso do Sul, na Alemanha... Tanto que considero a montagem o ponto alto deste belo filme.

DIB LUTFI – CÂMERA

Nascido em 1936, DIB LUTFI é um dos ícones da fotografia do cinema brasileiro.

Foi dele a mão que guiou a estonteante câmera em “Terra em transe”, de Glauber Rocha. Trabalhou como diretor de fotografia com Arnaldo Jabor, Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Ruy Guerra e Domingos de Oliveira, entre outros. Repetiu a parceria de “500 almas” com Joel Pizzini e Mário Carneiro em “Dormente”.

Como foi sua experiência em “500 almas”?


É sempre um prazer enorme trabalhar com o Mário Carneiro. Conviver com ele é um estímulo para qualquer um. Ainda mais outro fotógrafo, como eu. Ele media a luz para que eu filmasse; às vezes, ele mesmo “fazia” a câmera.

E embora fosse no meio do Pantanal, não foi complicado fazer o filme não. A única limitação era o horário. Só podíamos filmar até às 15h30m e 16h. Depois disso, a copa das árvores encobria o sol. E nós precisávamos ter a mesma luminosidade o filme todo.

Como vocês conquistaram a confiança dos guatós?


A gente chegava devagarzinho, conversava bastante com eles...Deixava que se familiarizassem com a câmera, que matassem toda a curiosidade com o equipamento. Só então, quando eles estavam descontraídos, é que começávamos a filmar.

Você já trabalhou com alguns dos mais consagrados diretores brasileiros. Como foi estar sobre o comando de Joel Pizzini?


Foi ótimo filmar com ele. Pensei que fosse encontrar um diretor inexperiente, uma vez que “500 almas” é o primeiro longa-metragem do Joel. Mas ele entende bastante de cinema, sabe posicionar a câmera, sabe exatamente o que quer... É muito fácil trabalhar com o Joel.

 

PAULO JOSÉ – PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

O cinema de Joel Pizzini oferece uma livre associação de imagens que lembra os filmes do cinema novo, não?


O cinema do Joel não me lembra o cinema novo. É mais novo que o cinema novo. O cinema novo não chega a ter uma característica muito definida, uma maneira de fazer cinema.

É mais uma estratégia política. São vários cinemas que estavam englobados sob o nome comum de cinema novo. Diziam que o cinema novo seria fazer com que ele voltasse para trás, mas o cinema do Joel vai atrás buscar o passado pra nos dar uma visão de futuro. Por isso, o cinema do Joel é um cinema mais novo.

Você interpretou Macunaíma, a síntese da brasilidade, no filme de Joaquim Pedro de Andrade. Em "500 almas", você dá voz a atitudes imorais de autoridades nacionais. Vê semelhanças no ocaso dos guatós com os rumos do Brasil?


É aquilo que eu já falei. Nós estamos marchando para o suicídio. A perda de identidade é exatamente isso: é o que aconteceu com os guatós e é o caso desses índios que eu encontrei no Rio Negro.

E se nós não tivermos o apoio, a lucidez e a clareza que nos dá um documentário como esse do Joel, nós estamos indo para essa morte lenta até a perda total de identidade.

Por isso, é importante que esses documentários como o do Joel não deixem de ser feitos, porque tem pessoas como ele que estão sempre “cavucando” as nossas raízes, descobrindo o que está por baixo dos tapetes.

Quando você e o Matheus Nachtergaele trabalharam juntos na montagem de "Controvérsia em Valladoli"? Em que teatro? Ou encenaram aqueles takes só para o filme?


Encenamos primeiro no Teatro Glória, no RJ, e depois viajamos e fizemos em outros lugares como no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, em Curitiba, Porto Alegre e em algumas capitais brasileiras.

Mas depois houve a morte do Ivan de Albuquerque que fazia o padre que era o diretor do convento de Valladoli, o que, para nós, significou o fim da peça. Mas foi bom que o Joel tivesse visto antes e tivesse documentado a peça.

 

RIOFILME
Criada em novembro de 1992, a Riofilme desempenhou, ao longo destes 14 anos, um papel fundamental na revitalização do cinema brasileiro, através do apoio à produção de filmes e da viabilização de sua distribuição tanto em salas de cinema, quanto nos mercados de vídeo, DVD e televisão.
Destacando-se como a empresa que ostenta o maior número de filmes brasileiros lançados no mercado nacional, no período de sua existência, a Riofilme tem estendido sua ação muito além de sua função de distribuidora de filmes. São intervenções de apoio à expansão do mercado exibidor, de estímulo à formação de público para o cinema brasileiro e de fomento à produção de filmes de curta e longa metragem, que estreitam e consolidam a relação histórica do Rio de Janeiro com o cinema.

MIXER
A Mixer revolucionou o mercado audiovisual ao estabelecer um novo conceito de criação para todas as mídias. Ela reúne, num mesmo ambiente, profissionais com expertises suplementares que trabalham em sinergia: trocam experiências, organizam idéias e otimizam custos para gerar um surpreendente resultado final na produção de longas, séries, programas para TV, animação, documentários, conteúdo digital e comerciais (publicidade).

Alguns comentários:



"Agora eu já posso entrar para a eternidade!"
JOSEFINA GUATÓ (matriarca da tribo) após assistir "500 Almas".

"Comovente e desconcertante, “500 Almas” é um apaixonante documentário sobre a nação Guató. O filme mais do que um discurso cívico, se constitui numa belíssima elegia.
BEN KENIGSBERG (Village Voice, New York 2006)

"500 Almas" é o primeiro filme de longa-metragem de Joel Pizzini, documentarista que a cada novo filme vem ampliando uma pesquisa bastante pessoal com a linguagem do cinema, numa vertente que remete à poesia em seu sentido mais amplo.
(...) O estilo é definido pelo próprio realizador como "etnopoético". Numa estrutura que evoca processos encontrados na memória - tema central do filme que resgata a cultura dos índios Guatós,
(...)Pizzini recusa a teleologia da linearidade em busca de uma aproximação apropriadamente mítica.
JOÃO LUIZ VIEIRA (Professor de Cinema da UFF - Universidade Federal Fluminense)

"500 Almas" é um filme que não acaba. Não só porque sua estrutura circular (ou, antes, caleidoscópica) despreza o "princípio-meio-e-fim" das narrativas cinematográficas, mas porque, ao transpor as fronteiras do documentário, multiplica as possibilidades de leitura de cada uma de suas imagens.
(...) As passagens mais marcantes são aquelas que misturam, de modo aparentemente "natural" (com grossas aspas), as várias camadas do filme: a documental, a conceitual e a poética.
(...) As culturas se sobrepõem e interpenetram, como as águas dos rios. É esse fluxo que "500 Almas" capta e transmite. Por isso é um filme que não tem fim.”
JOSÉ GERALDO COUTO (Crítico - Folha de S.Paulo)

“(...) Pizzini trabalhou como se fosse um pintor que constrói uma harmoniosa sinfonia visual de resgate de uma cultura indígena que havia sido decretada extinta. Os índios Guatós aparecem à nossa visão num grande painel de mitos, costumes, linguagens e tradições pelo olhar sensível do cineasta que também se admira na contemplação da beleza natural e humana que o processo de reconstituição de sua identidade nos revela. O filme de Pizzini traz à tona a intimidade de um relato que penetra a alma profunda de um povo e não apenas a sua cultura perdida.”
MIGUEL PEREIRA (Crítico e Professor de Cinema da PUC - RJ)

“(...) Em belas imagens, planos cuidadosamente construídos, "500 Almas" retrata o drama dos descendentes (Guatós), da língua nativa que desaparece (e todos esquecem), do líder que foi morto... Tudo que poderia ser banal não fosse trágico. O filme também é original ao colocar atores dizendo textos oficiais (onde se questiona, por exemplo, se os índios tinham alma).
Enfim, com Pizzini, temos um grande realizador de documentários.”
RUBENS EWALD FILHO (Crítico de Cinema)

PRÊMIOS E PARTICIPAÇÕES

• (Incentivo à Pesquisa) Fundação McArthur e Rockfeller (EUA) - sobre a cultura dos índios Guatós.
• Melhor Filme Latino-americano no Festival Internacional de Mar del Plata 2006 e Premio de Direitos Humanos.
• Melhor Documentário no Festival do Rio, 2005.
• Melhor Filme Prêmio Margarida de Prata 2005 –concedido pela CNBB.
• Melhor documentário Latino Americano no Cinesul, 2005.
• Melhor Filme no Festival ECOCINE, 2005.
• Melhor Documentário, Melhor Fotografia, Melhor Som no PARATYCINE, 2005.
• Melhor Fotografia e Direção de Arte – Festival de Cuiabá, 2005.
• Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Sonora, Melhor Técnica de Som, no Festival de Brasília de 2004.
• Menção Honrosa, no Amazon Film Festival, 2005.
• Selecionado para a Premiere Brasil, no MOMA, Museu de Arte Moderna de Nova York EUA, 2006.
• Selecionado para o LatinBeat, no Lincoln Center, em Nova York, EUA, 2006.
• Exibido no Cinema MK2, Paris, na Mostra “Passado e Presente do Cinema Brasileiro” – Ano Brasil na França, 2005.
• Seleção Oficial do Festival de Montreal 2005
• Seleção Oficial do Fribourg Film Festival, Suíça, 2006.
• Seleção Oficial no DokFest, de Munique, Alemanha, 2006.
• Seleção Oficial no Festival de Tolouse, França, 2006.
• Seleção Oficial do Festival Cinelatino em Tübigen e Sttutgart, Alemanha, 2006
• Seleção Oficial Concurso Latinoamericano' del 27 do Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano, Havana, 2005
• Seleção Oficial no Torino Film Festival, Itália, 2005.
• Mostra Internacional do Festival de Turim, 2005
• Seleção no Festival Internacional de Documentários “É tudo verdade”, 2005
• Exibição na Mostra Internacional de São Paulo, 2005
• Exibição no Festival Cinema Brasil, in Tokyo, 2006
• Exibição no IMARGENS, em Cabo Verde, 2005
• Exibição no IMARgens Festival de Cinema e Vídeo, Salvador, 2006
• Exibição no Festival Internacional de Documentales, Venezuela, 2007.
• Exibição no 2º Festival DA América do Sul, maio, 2005
• Exibição na 8ª. Mostra de Cinema de Tiradentes, 2005
• Exibição no Festival de Cinema de Campo Grande, 2005
• Exibição na Mostra da Diversidade no Nordeste, 2005

Ficha Técnica:

Com índios guatós e descendentes

Participações especiais:
Paulo José
Matheus Nachtergaele
Helena Ignez

Narradores/entrevistados:
Ada Gambarotto (missionária)
Adair Pimentel Palácio (lingüista)
Jorge Eremites de Oliveira (arqueólogo)
Manoel de Barros (poeta)
Richard Hass (diretor do Museu Etnográfico de Berlim)

Direção e Roteiro: Joel Pizzini

Direção de Fotografia: Mário Carneiro

Câmera: Dib Lufti
Hélcio “Alemão” Nagamine

Produção Executiva: Fernando Dias
Mauricio Dias

Edição Som: Ricardo Reis

Música: Lívio Tragtenberg

Montagem: Idê Lacreta

Pesquisa: Joel Pizzini

Co-argumento: Jane de Almeida
Sérgio Medeiros

Formato: 35mm

Duração: 109 minutos

Patrocínio: BNDES, Roche

Produção: Mixer

Co-produção: TeleImage
Effects
Pólofilme

Distribuição: Riofilme

 

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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2007