Gripe aviária: combate e prevenção Camila Martins JULIANA CÉZAR NUNES, da Assessoria de Comunicação da Universidade Nacional de Brasília, UnB, entrevista Ricardo Martins (foto)
Passado o Carnaval, é necessário uma mobilização intensa para evitar que, caso o vírus chegue, ele se espalhe rapidamente e afete um grande número de pessoas, principalmente, aquelas que trabalham no campo diretamente com os animais”, avisa o chefe da divisão médica do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Indicado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Ricardo Martins participou da força-tarefa que, entre 2004 e 2005, elaborou um plano de ação contra a gripe aviária. Para ele, as medidas no campo veterinário e agrícola estão sendo tomadas em ritmo satisfatório. Faltaria agora preparar os profissionais de saúde, especialmente os agentes comunitários. São eles que, a partir do trabalho nas casas e ruas, podem ascender o sinal vermelho.
Se tiverem doentes, boa parte delas vai morrer pelo caminho. Já foram montados, pelo governo federal, postos para monitorar as aves migratórias. Rio Grande do Sul, Bahia e Amazonas merecem atenção especial. O ideal é que o alerta seja dado pela contaminação nos animais e, não, nos homens. UnB AGÊNCIA – Caso a gripe aviária chegue com as aves migratórias, o Brasil está preparado para combatê-la e atender as pessoas possivelmente infectadas pela doença?
UnB AGÊNCIA – O que é preciso fazer agora?
UnB AGÊNCIA – Como o hospital de referência fará o tratamento?
O Laboratório Central (Lacen) de Brasília ainda não está devidamente equipado para identificar o vírus. Com relação ao tratamento, o Ministério da Saúde tem um estoque com nove milhões de tratamento completo com antiviral Oseltamivir (Tamiflu). É o único remédio eficaz para gripe aviária. Ele deve ser usado durante cinco dias. Cada caixa, para esse período, custa R$ 70,00. Por causa da procura, é praticamente impossível comprar esse remédio em farmácias ou mesmo na internet. O próprio fabricante (laboratório Roche) tem evitado a venda. Em casos assim, de risco à saúde pública, a indústria prefere vender para os governos.
UnB AGÊNCIA – O Brasil já teve alguma epidemia com proporção comparável ao potencial de impacto da gripe aviária?
As epidemias costumam aparecer com força a cada dez ou 20 anos. Depois da gripe espanhola, outros tipos de influenza chegaram ao Brasil. Mas sempre com impacto muito pequeno. Estudiosos dizem, no entanto, que a gripe aviária tem o mesmo potencial da gripe espanhola. Portanto, as pessoas que tiverem viagem marcada para os países onde a gripe já foi identificada devem ficar atentas. Se puderem adiar as viagens, melhor. Como ainda não há contaminação entre humanos, ainda não estamos no nível dizer “não vá”. PERFIL Ricardo Martins é chefe da Divisão Médica do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB). Fez graduação e mestrado em Clínica Médica na UnB. Especializado em Pneumologia, ele dá aulas na universidade desde 1993. considerado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia um dos profissionais brasileiros mais qualificados para o estudo e tratamento da gripe aviária. Martins costuma dar palestras para profissionais do hospital e já organizou diversos seminários sobre a doença no HUB. eNT... |
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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2006 |