Instrumento musical

Estudante de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB) e músico do grupo regional Pé de Cerrado, Pablo percebia que as gaitas importadas de madeira acabavam se deformando com o tempo.

Isso por não estarem adaptadas ao clima brasileiro. O rapaz resolveu juntar-se ao professor Mário Rabelo, pesquisador associado da UnB e doutor em tecnologias da madeira pela Universidade de Idaho, em uma pesquisa sobre o uso da madeira nacional para fabricação de instrumentos musicais.

O estudo, divulgado nos primeiros meses de 2003, foi desenvolvido pelo Laboratório de Propriedades Físicas e Mecânicas da Madeira, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O projeto do estudante durou oito meses, nos quais ele pesquisou cerca de 300 espécies de madeira.

Desse total, selecionou dez para a fabricação de instrumentos como a gaita. Financiado pela Fundação de Tecnologia Florestal e Geoprocessamento do Ibama, o projeto agradou à empresa Hering Harmônicas, a única fabricante de gaitas do Brasil, que, até então, utilizava uma madeira em extinção e importada do Paraguai, o pau-marfim, para a produção do corpo de seus instrumentos.

A empresa decidiu apoiar a pesquisa, e apresentou a nova gaita fabricada com a madeira do tauari, da região amazônica, na Alemanha e nos Estados Unidos.

COMPARAÇÃO DE SONS

Para comprovar a eficiência das madeiras nacionais, Mário e Pablo alugaram um estúdio e gravaram as melodias produzidas a partir das gaitas confeccionadas com as madeiras amazônicas e das tradicionais gaitas importadas.

Os sons foram comparados por um programa de computador e a qualidade nacional foi aprovada.

O trabalho dos pesquisadores também teve resultado econômico: o preço da gaita de corpo de madeira, preferida pelos músicos de blues, caiu pela metade.

Custava ao bolso do músico cerca de R$ 100,00 e precisava ser trocada periodicamente. A que está em produção no Brasil é vendida por cerca de R$ 50,00, com o compromisso da durabilidade.

A contribuição da pesquisa não ficou somente no meio musical, como explica o professor Rabelo: "Quando uma madeira é estudada e indicada para a confecção de instrumentos musicais, ela passa para uma categoria de elite, o que significa que pode ser aproveitada de forma sustentável para a fabricação de outras coisas como, por exemplo, a fabricação de móveis".

Além do tauari, outras espécies como o açoite-cavalo, a copaíba, a maçaranduba, o amapá-doce, o louro, o ipê, o breu-sucuruba e o tacacazeiro foram pesquisadas e aprovadas para a confecção de instrumentos musicais.

Elas podem ser usadas como alternativas às tradicionais madeiras, já em extinção, como o mogno - também estudado por Pablo - e o pau-marfim.

Pablo Fagundes, que não esperava tanta repercussão para seu projeto, acredita que o mercado está sempre aberto aos alunos que tenham iniciativa: "Por ser diferente e inusitado, nosso projeto não foi mais uma pesquisa que ficou nas prateleiras, mas já está aí, sendo produzido no mercado."

CONTATO
Engenheiro florestal Pablo Fagundes pelos telefones (61) 9621 6767 e (61) 3366 2414 ou pelo e-mail pablofagundes@ig.com.br
Professor Mário Rabelo, pelos telefones (61) 9970 2780 e (61) 3316 1533.

Fonte: UnB

eNT...

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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2006