crédito das fotos: Faya

 

A Floresta de Gringo Cardia

 

Ele montou cenários para Deborah Colker, Chico Buarque, Rita Lee e Skank, figurinos da Intrépida Trupe e vitrines da H. Stern pelo mundo. Trabalhou com Antônio Abujamra e José Celso Martinez Corrêa.

Artista versátil, atua como cenógrafo, designer, artista gráfico, arquiteto, diretor de videoclipes e diretor de arte.

Este é Gringo Cardia, profundo conhecedor da cultura e das expressões brasileiras. Ele assina a exposição “Amazônia Brasil”, instalada no Ano do Brasil na França.A mostra foi destaque no IV Festival da Vida, em Mariana, Minas Gerais, de 12 a 19 de maio de 2007.

Confira a entrevista exclusiva de Gringo Cardia para a eNT Revista Eletrônica e veja porque ele é um dos caras mais respeitados na cena artística brasileira.

 

 

 Nádia Timm - Qual a concepção da exposição Amazônia Brasil?

 

Gringo Cardia - Minha concepção foi passar a magia da diversidade da floresta e de tudo que muitas pessoas estão fazendo a favor da preservação da Amazônia.

Muitos projetos existem e muita gente não sabe.

Quis juntar o nosso maravilhamento com esta imensidão e dados concretos, científicos, de como a nossa vida depende da saúde da floresta.

Mostrar a vida e a morte da floresta dependendo da atuação de cada pessoa do planeta.

 

Nádia Timm - Como foi o processo de criação da mostra?

 

Gringo Cardia - Viajei bastante pelo Amazonas junto com o Projeto Saúde e Alegria que me convidou para fazer esta exposição.

Tentei ver de tudo para mostrar uma coisa impossível de se mostrar.

Trabalhamos muito com o ponto de vista dos projetos positivos. Procuramos ter a participação dos caboclos e artistas locais ao máximo para fazer uma exposição mais viva e verdadeira do ponto de vista de quem vive lá.

Fizemos uma maquete do projeto e ocupamos seis mil metros quadrados do SESC Pompéia em 2002. A partir daí, foi uma sucessão de novas montagens sempre adaptadas a novos índices e realidades.

A exposição se transforma o tempo todo.

 

 

Nádia Timm - Como sintetiza a diversidade e discute a importância desta floresta na mostra?

 

Gringo Cardia - A diversidade é sintetizada em uma mesa de sementes imensa onde as pessoas podem ver e tocar vários tipos de sementes que existem lá.

As pessoas deliram com isso e principalmente as crianças percebem que o mundo é feito de muito mais coisas que eles conhecem.

A importância da floresta vem logo após o encantamento que ela pode te provocar.

Temos um conteúdo riquíssimo de dados reais de quem trabalha e vive dentro da floresta.

 

 

 

Nádia Timm - Quais elementos estéticos são essenciais para compreensão da importância da Amazônia?

 

Gringo Cardia - É muito difícil representar uma floresta.

O cenário mais difícil que eu já fiz foi tentar imitar uma árvore verdadeira para o Balé da Cia Deborah Colker. Penei e custou uma fortuna.

Imagine então representar a força estética da floresta amazônica! A única maneira que achei foi fazer uma floresta em miniatura em que as pessoa pudessem ver uma dimensão de verde  e quanta coisa colorida está atrás deste verde. Animais, pessoas, culturas e principalmente respeito à natureza. Você tem que se deixar levar pelo encanto de encontrar tanta coisa linda atrás de toda esta mata.

 

Nádia Timm - Paralelo ao trabalho educativo, de revelar uma região, de que forma tratou a questão artística?

 

Gringo Cardia - Tratei de uma maneira a fazer uma junção do científico com o humano e biológico.

Usamos fotos de satélite que mostram a floresta como um corpo cheio de veias/rios que serpenteiam o corpo/floresta e dentro de cada pequena floresta, e de cada pequena árvore, um outro universo de sementes, animais e cores. É o universo dentro da mata.

Quis fazer um confronto entre escalas, mostrando as várias faces da floresta.

 

 

Nádia Timm - Seu trabalho é marcado por parcerias com artistas que desenvolvem a linguagem contemporânea, de vanguarda. Em Amazônia Brasil como lida com a sofisticação e a necessidade de comunicar e interagir com o grande público?

 Gringo Cardia - Sempre fui um artista versátil que procura aprender com suas parcerias. Acho que o trabalho da gente fica mais vivo quando você faz de coração.

É com essa força e a vontade de mudar o mundo que a gente mostra a Amazônia, que muita gente não conhece direito.

Para mim é uma mistura de didatismo e encantamento, tentar fazer com que as pessoas se interessem pelos dados através do encantamento.

Gosto da arte popular e da maneira que as pessoas encontram criativamente de sobreviver com dignidade e beleza.

O papel do artista visual numa exposição como esta é mostrar a beleza nas pequenas e grandes coisas. Da caneca do caboclo a árvore de 50 metros.

As pessoas se emocionam vendo estas coisas simples sendo mostradas através de uma ótica diferente em um espaço de espetáculo da exposição.

 

 

Nádia Timm - Você esteve na Amazônia? O que te impressionou?

  

Gringo Cardia - Me impressionou a majestade da floresta e a imensidão de uma região virgem, onde a natureza e que domina o homem e não o homem que quer dominar a natureza. A grande deusa mãe verde.

Me impressionou o respeito que os povos da floresta tentam ter com a natureza e de como centenas de projetos se dedicam a mostrar ao mundo a importância de se preservar este território.

Estas pessoas estão ali arriscando as suas vidas em detrimento de mostrar ao mundo que é possível manter uma região com um desenvolvimento sustentável, mais lento mas conscientes de futuro e respeito do que campos de soja, hidrelétricas sem estudos de impacto e estradas aniquiladoras.

 

Nádia Timm - Na Europa, como a mostra repercutiu?

Gringo Cardia - Foi muito legal ver aquelas pessoas colocando as mãos nas sementes. As pessoas viajam no espaço através do tato. Ficam muito curiosas com tudo e lêem muito. Nossa exposição foi a mais visitada no ano da França Brasil.

Ficamos em Paris e quase 200 mil jovens visitaram a floresta.

 

 Nádia Timm - E no Brasil?

Gringo Cardia - No Brasil é impressionante como as pessoas não conhecem a Amazônia.

Todos se emocionam também e pela exposição dá para perceber como as pessoas se sentem distantes daquilo.

A exposição tenta a quebrar esta barreira e acho que tem conseguido.

Muita gente já se engajou com trabalhos positivos e ela é um trabalho formiguinha de uma consciência crítica de que precisamos cuidar da nossa floresta.

 

Nádia Timm - O olhar do brasileiro enxerga a dimensão da floresta?

                                                              

Gringo Cardia - Não consegue ver a dimensão.

 

Nádia Timm - De que forma a arte, em suas mais diversas expressões, tem colaborado para ampliação da consciência ecológica?

Gringo Cardia - Acho que você trazer para o palco do espetáculo, da exposição, coisas

naturais, dá um valor diferente a estas coisas e faz as pessoas perceberem a riqueza de estética e vida que esta atrás da diversidade.

A arte transforma a percepção das pessoas e permite assim que você entre no

assunto através da sua sensibilização. Sentir a floresta é vivê-la.

 

Nádia Timm - E o Festival da Vida, qual o papel deste evento numa sociedade sem valores humanistas? Ele representa uma utopia? Qual sua opinião?

 

Gringo Cardia - Acho fundamental a busca das utopias. Só elas podem salvar o planeta. Acho que as pessoas mais conscientes do planeta estão ligadas em formar uma rede de propagação de experiências positivas.

Em momentos de escuridão é que florescem grandes pensamentos. O Festival é maravilhoso pois tenta agregar estas pessoas e difundir uma esperança para a vida.

 

Nádia Timm - Onde mais Amazônia Brasil será vista?

Gringo Cardia - Estamos montando uma exposição paralela a esta no parque Bavaria próximo a Munich que será inaugurada pelo presidente alemão, depois seguiremos

para Berlin e, ano que vem, temos agenda para a Inglaterra e Estados Unidos e

Japão.

 

Nádia Timm - Em que projetos você está trabalhando atualmente?

Gringo Cardia - Tantos que nem me lembro de todos. Vou listar, Ok?

Aforeggae direção de arte e cenografia Londres e Hannover

Deborah Colker companhia de dança em Berlim e Londres

Capa Vanessa Da Mata

Capa novos trabalhos de Maria Bethania

Cenografia do show de Ana Carolina

Exposição Estética da Periferia, em Recife

Premio TIM de música

Estande Sebrae Fashion Rio

Peça de Pedro Cardoso OS IGNORANTES, em Londres

Mostra do meu trabalho no Rio de Janeiro, em setembro

Minhas escolas, ONGs SPECTACULU e Oi Kabum, no Rio

e muito outros menores, ou nem tanto....

 

 

Serviço:

IV FESTIVAL DA VIDA

De 12 A 19 DE MAIO

MARIANA – MG

INFORMAÇÕES: (31) 3227-3036

 

 


Agradecemos a assessora de imprensa

Thaís Pacheco da NOIR COMUNICAÇÃO TOTAL

(31)3297-1013

 

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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2007