Nanotecnologia

Graças a uma das linhas de pesquisa mais promissoras em desenvolvimento na Universidade de Brasília (UnB), a nanobiotecnologia, começam a ser delineados novos caminhos em direção à qualidade de vida de pacientes, a partir da associação de fluidos magnéticos a drogas terapêuticas.

O estudo começou a partir dos resultados da dissertação de mestrado do biólogo Sacha Brawn, orientado pelo professor Ricardo Bentes, há cerca de dois anos, no Laboratório de Morfogênese do Instituto de Ciências Biológicas (IB).

“Observamos que a droga injetada em camundongos seguiu em direção ao pulmão, sem passar pelo fígado e pelo baço, dois órgãos que funcionam como filtros do organismo”, explica o biólogo. “Foi tudo casual, mas a partir disso percebemos que esse poderia ser um indicativo para novas investigações”, diz ele.

A partir daí, os pesquisadores pretendem testar a associação dos fluidos magnéticos a drogas específicas para tratamento de doenças pulmonares. Atualmente, as mais comuns em uso terapêutico no mercado estão a isoniazida (para tuberculose) e a anfotericina e itraconazol (para PB Micose), que resultam fortes efeitos colaterais nos pacientes.

A utilização dos fluidos, que a princípio parece complicada, é até simples de entender: partículas submicroscópicas (chamadas nanopartículas magnéticas) são misturadas a solventes (como soro fisiológico, e até água), em concentrações variáveis de acordo com a necessidade da aplicação.

O resultado da mistura é o fluido magnetizado. “O fluido funciona como um carreador da droga, com endereço certo para atuar”, resume o professor.

POOL DE PESQUISADORES - Hoje o que existe é uma rede cooperativa em materiais nanoestruturados aplicados à tuberculose e à PB Micose, coordenada pelo professor Paulo César Morais da UnB, da qual participam ainda pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), e Universidade de Medicina de Ribeirão Preto, que, em parceria com as empresas Nanocore (Ribeirão Preto) e Dna-Tech (Brasília), realizarão nos próximos dois anos testes em animais de laboratório.

Da UnB, participam um pool de pesquisadores da Biologia e da Física.. O projeto foi aprovado no segundo semestre de 2004 e tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Apesar de ainda ser muito cedo para a utilização farmacológica dos fluídos magnéticos acoplados com medicamentos em pacientes, os testes podem significar um grande passo da ciência a favor da cura de doenças.

A sintetização dos fluidos para os estudos dependia do laboratório da Berlim-Hart, empresa alemã de biotecnologia, mas há dois anos, depois de conseguir recursos financeiros e pessoas dispostas para o trabalho, a síntese agora é feita na própria UnB e na UFG.

Para o professor Ricardo Bentes, o maior problema da pesquisa aplicada no Brasil é que as empresas ainda não acordaram para a importância desse tipo de projeto.

Segundo ele, o apoio de empresas tornaria mais fácil o trabalho e os resultados que seriam alcançados em menos tempo. Até 2007, as pesquisas terão um recurso da ordem de R$ 400 mil, proveniente do fundo de financiamento do CNPq/Finep.

CONTATO
Professor Ricardo Bentes Azevedo pelo telefone (61) 3349 6167.

O professor Ricardo Bentes Azevedo é biólogo, mestre em Histologia e doutor em Biologia Celular pela Universidade de São Paulo (USP). Fez pós-doutorado no National Institute of Health, em Washington D.C. (EUA), um dos mais importantes institutos de pesquisas biomédicas do mundo.


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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2006