Carioca:dramaturgia da canção A longa espera do público goiano para ver Chico Buarque tem data marcada para terminar: oito anos depois de ‘As Cidades’, o compositor chega a Goiânia nos dias 17 e 18 de maio com seu novo show ‘Carioca’, para duas únicas apresentações no Teatro Rio Vermelho.
Os ingressos já estão sendo vendidos (Ver Serviço). Goiânia foi escolhida para encerrar a turnê nacional, vista por 185 mil pessoas. A turnê já passou por doze cidades e coleciona recordes desde a estréia em São Paulo, no dia 30 de agosto último: somente de apresentações extras foram oito na capital paulista, três em Portugal (nas cidades de Porto e Lisboa) e uma em Belo Horizonte, além de casas lotadas em Campinas e Ribeirão Preto. O sucesso se repetiu no Rio: programada inicialmente para um mês, a temporada carioca teve de ser estendida por mais duas semanas. Em Porto Alegre não foi diferente: os ingressos para as quatro apresentações que acontecerão em março (de 28 a 31/03) foram vendidos em apenas uma semana e o cantor fez uma apresentação extra no dia 01 de abril. Lotação esgotada também em Salvador, Curitiba, Recife e Fortaleza. Antes de Goiânia, a turnê passa por Brasília nos dias 15 e 16 de maio. Goiânia verá certamente um Chico diferente daquele que se apresentou na cidade há oito anos. Não apenas o compositor de harmonias e melodias ainda mais sofisticadas, mas também o artista que finalmente descobriu o prazer de estar no palco: ‘Foram necessários 40 anos para eu gostar de cantar. Quem sabe daqui a outros tantos estarei aqui a bailar’, confessou ele durante uma das apresentações no Coliseu de Lisboa, em outubro passado. Pérolas Em torno das 12 composições do novo CD – lançado em maio de 2006 pela Biscoito Fino e duplo disco de ouro por mais de cem mil cópias vendidas – Chico constrói um repertório que inclui outras 17 músicas, entre clássicos e pérolas quase esquecidas. De épocas e estilos distintos, as 29 canções escolhidas se unem através de um roteiro cuidadosamente costurado por idéias afins: ‘É quase uma historinha, uma dramaturgia. Minha cabeça tem isso, uma coisa puxa a outra, como ‘Mil perdões’, que levava para ‘A história de Lily Braun’, que por sua vez chamava ‘A bela e a fera’, explica o compositor, que nos últimos 30 anos só havia realizado quatro turnês: ‘Chico e Bethânia’ (1975), ‘Francisco’ (1988), ‘Paratodos’ (1994) e ‘As Cidades’ (1999). Nessa trama sutil, o cinema está presente em vários momentos. Seja na homenagem às divas de ontem (‘As Atrizes’) e de hoje (‘Ela Faz Cinema’) ou nas trilhas sonoras que compôs: ‘Porque Era Ela, Porque Era Eu’, do filme ‘A Máquina’, de João Falcão; ‘Palavra de Mulher’, de ‘Ópera do Malandro’, dirigido por Ruy Guerra; ‘Mil Perdões’, tema do longa ‘Perdoa-me por me traíres’, de Braz Chediak; e em três canções para filmes de Cacá Diegues – ‘Sempre’, tema de ‘O maior amor do mundo’, seu último longa; ‘Bye Bye Brasil’, do filme homônimo realizado em 1979; e ‘Mambembe’, feita para ‘Quando o Carnaval Chegar’, de 1972 -, nenhuma delas interpretada antes por Chico ao vivo. Também o Rio de Janeiro surge como personagem nas músicas ‘Morro Dois Irmãos’ e ‘Subúrbio’ ou como cenário em ‘Renata Maria’, ‘Bolero Blues’, ‘Leve’ e ‘Futuros Amantes’. A parceria de Chico e Edu Lobo aparece em quatro momentos: ‘Ode aos Ratos’, do espetáculo teatral ‘Cambaio’, de 2001, ‘A História de Lily Braun’, ‘A Bela e a Fera’ e ‘Na Carreira’, as três extraídas da trilha do balé ‘O Grande Circo Místico’, de 1982. O roteiro abre espaço também para o lirismo derramado através das canções ‘As Vitrines’, ‘Outros Sonhos’ e ‘Imagina’, esta interpretada em dueto com Bia Paes Leme, tecladista da banda que acompanha o cantor. Outro encontro no palco se dá com o baterista Wilson das Neves. Ele e Chico cantam juntos a sua única parceria, o samba ‘Grande Hotel’, no momento mais descontraído do show. Maestro e arranjador do cd, Luiz Cláudio Ramos deixa igualmente sua assinatura na direção musical do espetáculo: ‘Procurei preservar o mesmo clima criado no disco, fazendo apenas adaptações para a formação do septeto que acompanha Chico no palco, já que nos arranjos originais de estúdio entram orquestra e outros instrumentos’, explica o maestro, fiel parceiro de Chico desde a década de 70. Além do próprio Luiz Cláudio no violão, a banda é composta por João Rebouças (piano), Bia Paes Leme (teclados), Wilson das Neves (bateria), Chico Batera (percussão), Jorge Helder (contrabaixo) e Marcelo Bernardes (flauta e sopros) – a mesma da última turnê ‘As Cidades’. Acompanhado por seu tradicional violão, Chico assume ainda o tamborim em ‘Grande Hotel’ e, pela primeira vez, toca kalimba (pequeno instrumento africano de percussão), na música ‘Morena de Angola’. A iluminação criada por Maneco Quinderé utiliza 30 moving lights e interage com o cenário minimalista concebido por Hélio Eichbauer, um móbile de seis metros de largura com o contorno das montanhas cariocas, que flutua sobre Chico e os músicos. Completa a cenografia uma escultura circular em metal, transformada ora em sol ora em lua, dependendo da incidência da luz. O pano de boca do palco reproduz um desenho inédito de Heitor Villa- -Lobos, de 1947, presente do maestro para os tios de Eichbauer. Criado por Marcelo Pies, o figurino despojado de Chico é composto por uma calça de seda azul marinho e um pulôver de algodão, em tons degradês de azul. O show já foi registrado em DVD durante a temporada paulista. A previsão é que o produto chegue às lojas no segundo semestre de 2007.
FICHA TÉCNICA Roteiro: Chico Buarque
SERVIÇO CHICO BUARQUE ‘CARIOCA’ De 17 a 18 de maio (quinta e sexta-feira), às 21h Pontos-de-venda: OBS.: Meia-entrada válida exclusivamente para estudantes e idosos, mediante apresentação dos seguintes documentos, no ato da compra do ingresso e na entrada do evento: Estudantes: Identificação estudantil com foto, acompanhada de comprovante de matrícula ou cartão de freqüência da rede oficial de ensino, público ou particular, do ano corrente.
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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2007 |