Pediatra brasileiro é premiado

no Japão pelo teste do pezinho

 

Ao completar 30 anos no Brasil, a iniciativa mereceu reconhecimento internacional através do Robert Guthrie Award, premiação instituída pela International Society of Neonatal Screening (Associação Internacional da Triagem Neonatal) que será entregue em setembro deste ano, no Japão.

“O prêmio representa a dedicação de uma carreira e uma vida à busca de conhecimento para tornar a vida do ser humano melhor”, diz Sima Schmidt, esposa do dr. Benjamin, que o representará na cerimônia de premiação já que o médico, acometido pelo mal de Alzheimer há 12 anos, não poderá comparecer.

Carreira dedicada à pesquisa

Fundador das Sociedades Brasileira e Latino-Americana de Pediatria e primeiro e único brasileiro a presidir a Associação Internacional de Pediatria por 10 anos, o dr. Benjamin Schmidt se formou pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

No Laboratório Lavoisier, que fundou em 1952, desenvolveu inúmeras pesquisas sobre os erros inatos do metabolismo que levaram à adoção do teste do pezinho, implantado no Brasil em 1976 e fortemente divulgado através da APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, da qual o médico foi um dos fundadores.

Inicialmente, o teste do pezinho permitiu a identificação da fenilcetonúria, deficiência de uma enzima que impede a metabolização de um amionoácido (a fenilalanila) presente nos alimentos e no leite materno.

A falta da enzima provoca o acúmulo do aminoácido no organismo e pode levar à deficiência mental, convulsões, atraso no desenvolvimento psicomotor (fala e andar), tremores e microcefalia.

O tratamento requer dieta especial com substituição do leite materno por um leite especial, sem fenilalanila, por isso a importância do diagnóstico precoce.

Os primeiros 100 casos identificados no Brasil foram tratados com leite doado pela Nestlé suíça, por influência do dr. Benjamin que, em 1983, montou na APAE a primeira equipe multidisciplinar do país para atender portadores da fenilcetonúria.

Com o passar do tempo, o teste do pezinho foi aperfeiçoado para detectar outras doenças como o hipotireoidismo congênito, que faz com que a tireóide não produza hormônios suficientes para o desenvolvimento do cérebro; a anemia falciforme, que provoca alterações nos glóbulos vermelhos do sangue, e a fibrose cística, que causa problemas respiratórios.

A fenilcetonúria atinge um em cada 20 mil nascidos, e as estatísticas mostram que mais de 13 milhões de bebês foram triados no país nestes 30 anos completados pela adoção do teste do pezinho.

Um marco e tanto, mas não o único de uma carreira que inclui a organização da Pediatria do Hospital São Paulo e da Faculdade de Medicina da PUC de Sorocaba, a vida acadêmica na Escola Paulista de Medicina, mais de 400 trabalhos publicados, duas doenças metabólicas batizadas com seu nome, prêmios e viagens internacionais para campanhas de saúde infantil a pedido de chefes de estado como Fidel Castro e Margaret Thatcher, e dezenas de outros estudos sobre doenças raras como a analgesia congênita (pessoas que nascem sem a capacidade de sentir dor).

“Sem dúvida o Benjamin é o maior pediatra que o país já teve”, afirma seu filho, o patologista e neuromuscular Beny Schmidt.

“Prova é que, mesmo afastado há tantos anos do meio, recebe este prêmio que nada tem de político: é um prêmio real não só pelo trabalho com o teste do pezinho, mas pelo conjunto de sua obra e vida profissional”.

eNT...

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eNT . Revista Eletrônica Nádia Timm . 2006