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Ênio Tavares Michael Garbiati Franco: danças sensuais na hora de servir as mulheres

Walter Alves Carlos Alberto: coreografia e muito charme

Sebastião Nogueira Marciocley Silva Santos: ex-modelo ataca de garçom para aumentar a renda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os destaques da festa

Garçons bonitões, que também cantam e dançam, além de esbanjar muito charme, viram atração em bares e festas em Goiânia

Nádia Timm

Foi o tempo que garçom era aquele profissional quase invisível, de gravatinha borboleta e bandeja na mão. Agora ele rende comentários e sua desenvoltura e beleza contam pontos para o sucesso da festa. Alguns, além da bela figura, também cantam, dançam e fazem charme. Encantam o público, principalmente as mulheres, e se tornam centro das atenções. Há ainda os que conquistam corações de gente famosa, como é o caso da apresentadora Ana Maria Braga. Há três meses, a estrela do programa global Mais Você assumiu seu romance com um garçom que conheceu num evento social.

Na noite goiana, eles também arrancam suspiros. Carlos Alberto Silva, 23 anos, é o típico boa pinta. O gato que um dia foi garçom tradicional hoje arrasa com a dança sensual do personagem que encarna todas as noites no Café Cancun.

Na balada, das 22 às 4 da matina, ele é o “tequileiro”. Carrega no coldre garrafas da bebida mexicana, serve algumas doses e distribui fantasias. “São 40 doses, em média, por noite e meu alvo são as mulheres. Acho que a sensualidade do personagem atrai. Ela senta e faço uma dança só para ela, olhando nos olhos”, explica o rapaz, que faz cursos de salsa, merengue e samba. Carlos também chegou a fazer curso de modelo, mas não seguiu carreira.

O outro lado do sucesso é o preconceito, avisa. “Tem aqueles que tentam denegrir minha imagem, que difamam. Mas esta profissão não é o objetivo da minha vida, é muito desgastante. Quero ser jurista [ele estuda Direito] e tentar conciliar com a dança.”

Fabrício Batista da Silva, 20 anos, trancou matrícula na faculdade de Direito e também atua como modelo e garçom. O rapaz trabalha nas festas mais chiques da cidade, que rolam geralmente de quinta a sábado, e se preocupa com o atendimento. Quanto aos assédios, tira de letra. Surgem muitas paqueras e ele aproveita para curtir, mas sempre respeitando os limites do profissionalismo.

Durante o Flamboyant Fashion, evento de moda realizado no Shopping Flamboyant, Fabrício conta que chamou atenção enquanto servia coquetéis. Várias modelos de São Paulo fizeram questão de ser fotografadas ao lado dele, recorda-se. “Mas não tem como agradar todo mundo. Procuro trabalhar direito, sempre com um sorriso enorme. Se alguém ofende, sou mais educado ainda”, assegura.

Olhares

Marciocley Silva Santos, 25 anos, também é garçom e já foi modelo. Hoje, durante o dia, é promotor de vendas e aluno de Ciências Contábeis. Modesto, ele se acha uma figura comum, mas assume que, nas festas, atrai muitos olhares.

“Mas sou um profissional e tenho de saber lidar com esse tipo de situação”, frisa o moço, que é casado, pai de duas meninas. Três vezes por semana, trabalha nas festas. Ganha 40 reais para cumprir uma jornada das 16 às 3 horas da manhã. Considera o horário como a maior dificuldade, mas considera gratificante poder relacionar-se com muitas pessoas. “Graças ao trabalho como garçom, fiz contato para a atividade na qual atuo durante o dia.”

Aos 19 anos, Einstein Rangel Amando, estudante de Telecomunicações da Unip, admite que o fato de ser bonito, “ter presença e educação” contribuiu para conseguir o trabalho de garçom há um ano. Durante o dia, ele trabalha em uma fábrica de banheiras de hidromassagem.

“O pique é puxado, mas vale a pena. São de três a quatro festas por semana. A postura e o tratamento aos convidados influem na qualidade do serviço. Os garçons são unidos, têm camaradagem e quando rola confusão ficam um do lado do outro. Claro que dá para paquerar, pegar os telefones... é um trabalho temporário onde conheço pessoas diferentes, faço novas amizades”, explica.

Querer uma dose de tequila com emoção, ou não, define o ritual que outro jovem tequileiro – Michael Garbiati Franco, do Pátio Café Cancun, 20 anos – apresenta aos clientes. Quando são mulheres, o clima esquenta pra valer, enquanto o rapaz faz uma coreografia sedutora, digamos sugestiva, que ele chama de ritual. Para os homens, a emoção consiste em sacudidelas na cabeça e o zunir de apitos nos ouvidos.

Às vezes, pinta ciúme, mas a maioria do pessoal leva tudo na brincadeira. “O cliente gente boa não grila. Até pede para a gente dançar para a namorada ou esposa”, explica. Por enquanto, Michael não está estudando, trancou a matrícula na faculdade de Turismo, mas pretende voltar. “Este trabalho abre perspectiva, tem aparecido convites para fotografar como modelo”, comentou animado.

Cleiton França, professor de educação física e produtor, chefia as performances do Café Cancun. Ali, três vezes por noite, 15 funcionários da casa surpreendem os clientes com animadas esquetes que podem durar até meia hora. “A proposta é divertir, com dublagens e dança. Isto cria um clima diferente, interativo”, explica, lembrando que entre os quesitos para os candidatos trabalharem na casa conta ponto gostarem de cantar, dançar, contar piada e serem simpáticos.

Para a gerente do Ateliê Gastronômico, Laura Nogueira, responsável pela contratação de garçons, os bonitões valorizam o trabalho. “É um pessoal que tem prazer em atender, são bem-humorados, educados, e a maioria não bebe nem fuma”, diz.