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Processo construtivo: detalhe da cadeira Sushi, trabalhada com retalhos de material colorido

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estética brasileira

Brasília recebe mostra dos Irmãos Campana, composta por 30 peças, muitas delas inéditas no País

Nádia Timm

Vale a pena viajar para Brasília e conferir a mostra Campanas, dos Irmãos Campana, que será aberta hoje, às 20 horas, no Centro Cultural Banco do Brasil. É a primeira vez que os designers brasileiros mais respeitados no exterior apresentam seus trabalhos na capital federal.

Ao todo serão apresentadas 30 peças, a maioria inéditas no País. Entre os destaques, estão a cadeira Sushi e o sofá Boa, que foi vedete na Feira de Milão, no ano passado. O móvel foi confeccionado com 100 metros de tubo de espuma. O arquiteto responsável pela curadoria da exposição, Nicola Goretti, explica que a mostra fala de alegria e esperança. “A iconologia oferece um link direto com a cultura brasileira”, define.

Os trabalhos criados pelos Campanas têm por referência estética o visual de camelôs e catadores de papel que, conforme explicam, “desenvolvem um programa informal de reciclagem”. Os irmãos assumem a raiz “caipira” e criam soluções inusitadas, inspiradas na literatura de cordel, desenhos gráficos e espaços populares.

Nesta exposição, a marca vem do Norte e do Nordeste do Brasil, explica Humberto Campana, em entrevista por telefone a Magazine. A maioria foi desenvolvida em processo construtivo, no qual agregam pedaços de carpete, borracha e tecidos. Entre os objetos, estão vasos criados em vidro, que lembram galhos e fruteiras que remetem a flores gigantes. E entre as cadeiras, o designer cita a realizada em parceria com o Artesanato Solidário, de Ruth Cardoso. “É a cadeira Multidão, feita de bonecas de pano. Lembra uma orgia de corpos”, conta.

Na relação entre o trabalho e a arte contemporânea, o designer comenta a estranheza que provoca a utilização de materiais novos no Brasil. “No exterior já foi assimilado. Na verdade, buscamos um caminho para serem produzidos em larga escala. Têm função. É design”, afirma.

Na avaliação do curador, as obras apresentadas revelam mais maturidade e liberdade de criação. Para apresentá-las foi concebida uma cenografia utilizando pet (triturado de garrafas de plástico de refrigerante), em dois andares do Centro Cultural. “Quando imaginávamos uma exposição para Brasília, Fernando e Humberto manifestaram o forte desejo de ir além. Assim, surgiu a idéia de uma exposição com montagem especial. Que parecesse uma instalação”, revela Nicola Goretti.

QUEM SÃO

Humberto Campana é advogado e Fernando Campana é arquiteto. Paulistas, de Brotas, começaram a trabalhar juntos, como designers de móveis, em 1983, em São Paulo. Com a primeira exposição denominada As Desconfortáveis, realizada em 1990, eles inovaram ao utilizar lixo industrial como matéria das peças. Ainda naquele ano, o jornalista Marco Romanelli escreveu vários artigos para a prestigiada revista Domus, de arquitetura e design, e lançou o trabalho dos Campana no mercado internacional. Em 1998, os designers foram convidados para expor no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Em 2000, realizaram mostra no MAM paulista e, em 2001, participaram do Salão do Móvel, em Milão, Itália.

_ EXPOSIÇÃO Campanas

Local: Centro Cultural Banco do Brasil (SCS, trecho 2, lote 22, Brasília, (61) 310-7087)

De terça a domingo, das 12 às 21 horas

até 30 de março

Entrada franca

*17 de fevereiro de 2003