Mundo, homem, arte em crise

Texto de Mário Pedrosa

A revolução política está a caminho: a revolução social se vai processando de qualquer modo.

Nada poderá detê-las.

Mas a revolução da sensibilidade, a revolução que irá alcançar o âmago do indivíduo, sua alma, não virá senão quando os homens tiverem novos olhos para olhar o mundo, novos sentidos para compreender suas tremendas transformações e intuição para superá-las.

Esta será a grande revolução, a mais profunda e permanente, e não serão os políticos, mesmo os atualmente mais radicais, nem os burocratas do Estado que irão realizá-la.Confundir revolução política e revolução artística é, pois, um primarismo bem típico da mentalidade totalitária dominante.

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A serpente do sempre Tudo se transforma no curso desta nossa hora. A história toda só cabe no agora Eduardo Carvalho

São rápidas as mudanças. São mundanas. Terrenas e nada serenas. São mergulhos em vórtices, transpassando pórticos. São augúrios de felizes amanhãs, temores de piores manhãs. O incerto e a esperança de braços dados no seio da mudança.

Até o que permanece é fugaz. É impermanente paz. É susto de desavença. É descrença. Suor de guerra por todos os poros, em toda a terra entre os pólos. Sobressaltos de nenês nos colos, sorvendo nos secos seios das mães que vagueam pelos bombardeados solos.

O silêncio ouve atentamente esta intermitente voz que ecoa em minha mente e depois nos deixa a sós. É um canto de desvelo que revela o elo entre o fim e o começo deste inacessível saber que tanto quero: a carne torna ao pó, o feto flutua na placenta, tudo é uma coisa só, apesar de nossa crença. Tudo se transforma no curso desta nossa hora. A história toda só cabe no agora.

Neste momento lento, os pólos opostos diluem-se no neutro, dissipam-se no vento, colidem no meio, fundem-se no pó. E as teias do pensamento, penduradas nas paredes da mente, balançam ao vento, suave e inutilmente: não há presas a prender neste turbilhão de emoção de constatar que tudo se desfaz na matriz em que se cria. Revela-se então a urobólica serpente que crava o próprio dente na cauda de si mesma.

E o homem segue seu projeto de humanidade, preso ao eterno início, rumo ao irremediável término, sem protesto, sem alento, sem escapatória. Apenas isso, preso ao ciclo de ser em si um ciclo sem escape.

Eduardo Carvalho é jornalista. Editor de Cultura  do site Agência Carta Maior >> www.agenciacartamaior.uol.com.br <<

História do Brasil na Web

Pesquisadores de todo o mundo poderão acessar quase 3 milhões de páginas manuscritas de 340 mil documentos dos séculos 16 a 19 do acervo do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa (AHU).

Por enquanto, o banco de dados funcionará experimentalmente. Pode ser visitado nos endereços: www.resgate.unb.br e www.cmd.unb.br. É o maior acervo digital de documentação histórica disponível na rede no Brasil.

Na documentação, estão todos os registros a respeito das 18 capitanias da América Portuguesa e documentos importantes para partes da América Latina, sobretudo a região do Mercosul.

Também podem ser encontrados temas relacionados a família, mulher, sexualidade, cultura e vida cotidiana entre os anos de 1500 e 1900.

Os internautas podem ver os documentos em formato original ou ampliado. Tudo em português.

7 de outubro de 2004