Tomie Ohtake

Na Visão de Miguel Chaia

abertura: 22 de julho, às 20h – até 2 de setembro de 2004

Por meio de 38 obras da coleção de Miguel Chaia, o público poderá passear pelas várias fases da pintura de Tomie Ohtake, da estruturação geométrica até o acentuado caráter orgânico atual de sua produção, sob o olhar sensível e íntimo de um colecionador e pensador das artes. Conhecer um artista por meio de uma coleção é sempre interessante e, neste caso, tem um tom muito especial porque Chaia não é apenas o colecionador, é também o curador da exposição, por seu domínio do universo artístico, fundamentado em sua sólida trajetória acadêmica que inclui, entre outras áreas, o núcleo de Mídia, Arte e Política da PUC de São Paulo.

Foi com consistente conhecimento e escancarada paixão, que este professor universitário conseguiu reunir um representativo acervo de arte contemporânea, no qual a obra de Tomie ocupa um lugar especial por sua dedicação sistemática na aquisição de trabalhos durante quase três décadas.

Para Chaia, Tomie Ohtake destaca-se na arte brasileira por conseguir sintetizar geometria e informalismo nos seus trabalhos ou, ainda, por aproximar-se ora de uma destas tendências ora de outra. “Uma possibilidade, entre muitas outras, para amarrar tão vasta e complexa obra foi agrupar os trabalhos de Tomie numa seqüência que coloca, de um lado, a segunda metade da década de 70 como uma época na qual o raciocínio construtivo gera pinturas com campos de cores definidos, com formas bem delineadas, com intensa luminosidade e predomínio de cores primárias; e, de outro lado, a partir de meados da década de 90, o momento em que a obra de Tomie Ohtake, mantendo ainda o raciocínio construtivo, mostra-se em pinturas feitas com maior liberdade dos gestos para construir formas e pincelar cores, com perceptível embate no qual a sombra ganha lugar na composição, traduzindo o reconhecimento de que as formas e as cores não podem ser efetivamente controladas”, escreve.

Segundo o curador, esta exposição mostra também como desde de 1986, Tomie Ohtake vem produzindo pinturas, nas quais a representação da vida e do cosmo está expressa por uma série de novas conquistas como a exacerbação das formas orgânicas, o largo gesto das pinceladas ou das manchas, o aproveitamento da potência dada pelo líquido da tinta, a intensificação da relação entre luz e sombra e a incorporação do acaso que, às vezes, emerge no uso da nova técnica. “Se nas pinturas da década de 70 e início de 80, as formas gozavam de uma certa estabilidade, agora se encontram desestabilizadas; se as áreas de cor eram homogêneas, tornaram-se manchadas; e se, antes, as formas se fixavam numa linha, agora elas navegam no denso espaço”.

A relação entre Tomie e Chaia é hoje celebrada ainda por uma forte amizade que se criou, magicamente, desde o primeiro contato, no início da década de 70: ela já uma artista reconhecida, ele um professor universitário que queria uma de suas pinturas e Tomie, consultada pela galeria, mandou que lhe concedesse qualquer condição para que ele pudesse adquiri-la. É justamente nesta generosidade de ambos que começa uma sintonia fina que pode ser percebida no texto que Chaia escreveu para esta exposição, no qual literatura e arte se expressam em absoluta comunhão de sentidos.

Tomie Ohtake na Visão de Miguel Chaia

Abertura: 22 de julho, às 20h

Até: 2 de setembro de 2004, de terça a domingo, das 11 às 20 horas

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) - Pinheiros SP - Fone: 11.6844-1900

www.institutotomieohtake.com.br
 
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