"Moda é comunicação" |
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eNT/ Nádia Timm - A Fenit este ano tá mexendo com o público? Rafaela Asmar - Como toda mudança leva um tempo para ser assimilada, vejo que o público-alvo da Feira, ou seja, os compradores, gostaram das modificações, mas, no geral, tanto visitantes como expositores ainda tentam se acostumar com a nova cara da Fenit. eNT/ Nádia Timm - Que propostas de Paulo Borges , na sua avaliação, são bacanas?
Rafaela Asmar -Hmmm...Acho que a história de revival da Fenit dos anos 1960 e 1970 não é uma boa coisa...em primeiro lugar, aí se foram 30, 40 anos de modificações no mundo da moda, e hoje o pensamento é outro. Em segundo lugar, hoje temos outras feiras de negócios diretamente ligadas com os eventos de moda mais famosos do Brasil, como a São Paulo Fashion Week, que é organizada também por Paulo Borges. Não adianta tentar mudar o foco. Foi-se o tempo em que a Fenit ditava tendências. Hoje ela é uma das maiores feiras de negócios de moda, mas não de lançamentos mundiais. E tem que ser respeitada pelo que já foi e pelo que é hoje em dia, e não tentar fazer que volte a ser o que era, mesmo porque, como já disse, o nosso universo no século XXI é outro. Claro que isso é a minha opinião, como estudiosa e profissional da área.
Rafaela Asmar - Hoje, assim como na década de 1970, quem achar o que é diferente, manufaturado, único, sai lucrando. Tivemos as Quem procura a cara do Brasil, ou a tal moda brasileira, vai continuar Quando os portugueses chegaram aqui, todo mundo andava pelado, e Se olharmos para Goiás, por exemplo, podemos ver a nítida influência árabe nas vestimentas...os bordados, as aplicações, as pedrarias...e assim acontece em qualquer região do nosso país. No sul, uma leitura européia das vestimentas, e por aí vai. Na verdade, tirando os eventos que já são de sucesso e do nosso conhecimento, como Fashion Rio, São Paulo Fashion Week, Dragão Fashion, Hot Spot etc., hoje em dia, como a tendência é não seguí-la, em qualquer lugar do nosso país acham-se detalhes favoráveis a uma coleção de sucesso. Basta saber fazer a leitura correta e traduzí-la para as roupas.
Rafaela Asmar -Comprar roupa é a coisa mais fácil que tem. Uma roupa de qualidade deve ter uma modelagem decente, um corte decente e um acabamento decente. Já moda é diferente. Moda vem carregada de conceito. É comunicação. Você compra a peça pensando na mensagem que você vai passar para as outras pessoas. É uma recíproca não verdadeira: toda moda ,como produto, é roupa, mas nem toda roupa é moda (no sentido mais conceitual da palavra roupa, e não se colocando apenas como blusas, calças...). Hoje em dia ninguém se veste apenas para se cobrir. Nem o mais pudico. Todo mundo quer se comunicar. E a roupa é o canal mais rápido para essa comunicação, já que o mundo globalizado não oferece tempo para a conversa,para o toque etc.
Rafaela Asmar - Eu, particularmente, como designer, adorei o espaço. Uma coisa limpa, colocou todo mundo no mesmo patamar. O desfile da Novíssima Geração passou a ter uma cara mais profissional, assim como a feira. Assustou um pouco quem já estava acostumado, mas vai pegar. eNT / Nádia Timm - Onde ficou devendo?
Rafaela Asmar -Não é uma coisa a ser feita da noite para o dia, muito menos em uma só edição, mas conseguiu bastante coisa já. O visual padronizado já deu uma limpada no pavilhão, facilitou. Gastei menos tempo para achar os estandes de meu interesse, e vi menos fofocas entre os "vizinhos".
A moda, em todas as etapas históricas, acompanhou a economia. Não era difícil: crise, pouco tecido. Saía da crise, dá-lhe volume...até que a partir de 60 tudo virou. O comportamento falou mais alto, e este foi influenciado pelas informações, ou melhor, a quantidade delas. Televisão, rádio e crescimento industrial foram fundamentais. E mais do que necessidade, questão de bom senso mesmo, ter alguém dentro da indútria para fazer todas essas leituras nas ruas. Surge o profissional, o designer, que cria para ser fabricado em larga escala, o prêt-à-porter (pronto pra usar).
Isso é estudo. E a criação vem em cima desse estudo. Portanto, este profissional é indispensável para o empresário. É ele que vai viabilizar o produto, o objeto de desejo do consumidor. Vi em São Paulo, por exemplo, que qualquer portinha, qualquer micro-empresa, tem seu designer por conta. Essa idéia ainda tem que chegar por aqui. Uma boa coisa que se fez em Goiás nos últimos anos, foi o Goiás Fashion Designer, que tem como princípio basicamente isso: colocar o novo profissional em contato com a indústria. Um, definitivamente, não vive sem o outro.
Quem é Rafaela Asmar:
Trabalha com moda há mais de dez anos. Na imprensa, atuou como editora de moda da Revista Go! e coluna Hype, no Jornal da Imprensa. Foi produtora de moda e stylist para campanhas de mais de 50 marcas em Goiás. É designer free-lancer e está iniciando as pesquisas para sua marca que será lançada em meados de 2006. É uma estudiosa incansável de tudo que diz respeito à moda e comportamento.
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