semana da criança  

 Como ajudá-las a crescer

 

    

Áderson Luiz Costa Junior

A interação entre pais e filhos tem sido um dos objetos de estudo mais investigados pela ciência do desenvolvimento humano, desde a primeira metade do século 20. Em especial, as atenções se voltam para os estilos parentais e seus efeitos sobre o comportamento das crianças. Estilo parental é o conjunto de atitudes e comportamentos dos pais dirigidos a seus filhos e que caracterizam a natureza da relação entre eles. Dependendo do que é adotado por pais e educadores, por exemplo, a criança será exposta mais freqüentemente, ou não, a situações de autoritarismo, perdão, imprudência, negligência, ou outra forma de relação que, em última instância, pretende estabelecer e manter limites para o comportamento das crianças.

O estabelecimento de regras e limites para o comportamento infantil é uma necessidade indiscutível na opinião de pais, profissionais e pesquisadores. No entanto, a opinião de cada um, particularmente no que se refere a como atender e fazer com que as crianças respeitem regras de conduta, diferem enormemente. Uma das maiores dificuldades, quando se discute esse tema, é exatamente a definição de regras e limites, condicionados por mitos, exigências e experiências tão diversas que dificilmente dois indivíduos compartilham das mesmas posições, tanto em termos de procedimentos a serem adotados quanto de objetivos a serem atingidos.

Algumas sugestões simples a pais e profissionais, no entanto, podem facilitar a aquisição e manutenção de regras de conduta pelas crianças:

1. Os pais devem ser bons observadores de seus filhos, desde o mais cedo possível. Pais que conhecem o temperamento, as preferências e as dificuldades de seus filhos expõem menos as crianças a situações estressantes ou têm condição de prepará-las melhor para situações de risco e perigos;

2. A afetividade na relação entre pais e filhos é essencial para o desenvolvimento das crianças. Melhores relações de confiança e intimidade são obtidas quando pais e filhos demonstram afetividade recíproca. Pesquisas com animais e seres humanos demonstram que os relacionamentos sustentadores promovem o prazer da vida em sociedade, fornecem segurança física e percepção de proteção, aumentam a estabilidade emocional e auxiliam a aquisição gradativa de autonomia. No caso particular de crianças, os relacionamentos capacitam a criança a aprender a pensar;

3. Diferenças de comportamento entre irmãos, ou crianças que compartilham das mesmas experiências, devem ser respeitadas pelos pais e educadores e atendidas na medida do possível. O desempenho inferior de uma criança em relação a outras, em qualquer ambiente, não deve ser utilizado como critério para opressão ou coerção. Pelo contrário, constitui uma excelente oportunidade para a formação de uma rede de apoio social, na qual uma criança pode, por exemplo, ajudar a outra a melhorar seu desempenho;

4. Os pais podem utilizar expressões faciais, gestos e entonações de voz diferenciadas a comportamentos adequados e inadequados das crianças. Essa estratégia é um bom caminho para a criança compreender o estabelecimento de regras e atendê-las mais rapidamente. É importante lembrar que pai e mãe devem adotar critérios semelhantes para identificar e atribuir conseqüências a comportamentos adequados e inadequados. O desacordo de critérios, pelas duas figuras, pode ser uma das variáveis responsáveis por transtornos de conduta infantil.

5. A frustração de uma criança pelo não atendimento de uma vontade é um evento muito importante de aprendizagem. Os pais podem aproveitar o fato para ensinar conceitos essenciais ao desenvolvimento da criança, tais como: opções de escolha, hierarquização e adiamento de objetivos, respeito à opinião dos outros, autonomia, planejamento de futuro, autocontrole de recursos financeiros, entre outros.

6. Reações agressivas das crianças frente a situações de frustração não precisam ser seguidas de reações violentas, físicas ou verbais, dos pais contra a criança. Os pais podem mostrar à criança os efeitos adversos de seus comportamentos agressivos a terceiros, incluindo outras pessoas, objetos e bens materiais. Nesse caso, o comportamento da criança não estaria sob o controle de um castigo, uma palmada ou uma surra, mas sob o controle dos prejuízos que o comportamento agressivo produz a outras pessoas, ou objetos, que são importantes para a criança.

Em vez de punição, os pais precisam aproveitar cada oportunidade para explicarem a seus filhos que, sempre que apresentarem um comportamento inadequado, serão impedidos de fazê-lo até que consigam deter a si mesmos. Os pais podem adotar medidas de contenção, isolamento ou outra estratégia para romper o ciclo. A seguir, devem sentar e explicar isso à criança de uma forma compreensível. A disciplina é um negócio de longo, não de curto prazo, e o objetivo é ensinar a criança a controlar seus próprios impulsos.

Educar uma criança parece uma tarefa simples e assim deve ser encarada, com naturalidade, afetividade, atenção e tolerância.


Áderson Luiz Costa Júnior é professor do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento da Universidade de Brasília (UnB). Cursou estágio de pós-doutorado em Psicologia aplicada à Odontologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É co-organizador do livro A Ciência do Desenvolvimento Humano: Tendências Atuais e Perspectivas Futuras (Artmed, 2005).



 

 


 

 

 

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