Fertilização “in-vitro”

em ciclos naturais

Dr. Newton Eduardo Busso

 

O último quarto de século testemunhou grandes avanços na área da medicina reprodutiva. O primeiro e mais importante foi a fertilização “in-vitro” (FIV), com o nascimento Louise Brown - o primeiro bebê de proveta do mundo -, há 27 anos. O nascimento, ocorrido em Londres, só foi possível graças à técnica pioneira, desenvolvida por Patrick Steptoe e Robert Edwards. Mesmo diante de dúvidas e preconceitos desencadeados, naquela época, a medicina reprodutiva cresceu, evoluiu e hoje é uma opção para milhões de casais que enfrentam dificuldades para engravidar.

Depois do sucesso da FIV, o processo com ciclos naturais foi abandonado, assim que foi possível usar a estimulação ovariana para aumentar o número de óvulos recrutados. A estimulação trouxe, indiscutivelmente, melhora nos resultados, mas trouxe, também, alguns inconvenientes.

Apesar dos avanços que os esquemas terapêuticos proporcionam, o ciclo natural ou espontâneo ainda tem vantagens, como seleção natural do óvulo, através de mecanismos fisiológicos que levam à seleção do folículo dominante, sem interferência farmacológica. O preparo endometrial também é desenvolvido de forma natural, sem os inconvenientes da exposição do mesmo a níveis exagerados de hormônios, como ocorre nos processos de indução.

Uma das vantagens em se realizar o tratamento no ciclo natural é a relação custo-benefício, aliada à simplicidade e ao baixo risco. No ciclo natural, não há indução; há apenas um óvulo por ciclo e, conseqüentemente, a transferência será de um único embrião, não havendo, portanto, a Síndrome do Hiperestímulo Ovariano, o risco de câncer aumentado e nem o nascimento de gêmeos. As dificuldades ficariam, teoricamente, nas menores chances de gestação.

Nos primórdios da FIV, a recuperação ou a tentativa de recuperação do gameta feminino fazia-se por meio de punção ovariana, realizada por procedimento cirúrgico. A relação custo-benefício era péssima, principalmente pelos riscos envolvidos, muitas vezes finalizados por punção que não tinha óvulo, ou se obtido, o mesmo não tinha grau de maturidade desejado, fazendo com que todo o procedimento terminasse em uma tentativa cirúrgica frustrada.

A possibilidade de realizar-se o mesmo processo de punção, via vaginal, em procedimento que, seguramente, minimiza os riscos do procedimento cirúrgico e com um custo muito menor, deu nova dimensão ao ciclo natural, nos procedimentos de FIV. Orientada por ultra-sonografia, tal possibilidade simplificou e minimizou os riscos às pacientes, assim como tornou o método mais efetivo e mais seguro. No ciclo natural, a facilidade na obtenção do óvulo, através de punção vaginal – que pode ser realizada em ambulatório e até mesmo sem anestesia – tornou o procedimento mais atraente, o que o levou novamente a ser colocado em prática por alguns grupos, no tratamento de FIV.

A seleção de pacientes baseada na faixa etária é fator fundamental na decisão dos tratamentos de reprodução assistida. Mulheres abaixo de 37 anos, submetidas à FIV em ciclos naturais - quando um único espermatozóide é injetado diretamente no interior do óvulo - têm obtido chances razoáveis na gestação. Já em mulheres com idades superiores a 37 anos, as baixas taxas de gestação desestimulam a utilização do ciclo natural.

A maior causa de morbidade materna e fetal, ligada aos processos de reprodução assistida, é a gestação múltipla, como conseqüência indireta do estímulo ovariano, e, direta, do número de embriões transferidos. Tais dados fazem com que haja preocupação e tendência mundial na utilização de estímulo ovariano mais suave e redução do número de embriões, colocados na cavidade uterina, mantendo taxas de gestação aceitáveis.

No Brasil, há uma alta incidência de gestação múltipla, que resultam em gêmeos, trigêmeos e quadrigêmeos. Nesses casos, há mais chances de complicações na gravidez: o bebê pode nascer prematuro, com todas as complicações decorrentes deste fato.

Esse assunto foi um dos mais debatidos no congresso da Sociedade Européia de Embriologia e Reprodução Humana, realizado em Copenhague. De acordo com estudos apresentados, 70% dos ciclos de FIV, promovidos por clínicas européias, envolvem hoje a transferência de um único embrião. No Brasil, ainda não há estimativa deste percentual.

Tais desvantagens fizeram com que muitos investigadores voltassem a pesquisar a FIV, em ciclo natural, não só em função das melhorias nas técnicas de recuperação de óvulos, mas também em termos de melhores resultados obtidos nos laboratórios, tanto na fertilização, quanto nos meios de cultura, que permitem melhores resultados na evolução dos embriões.

* Newton Eduardo Busso é médico especialista em reprodução humana da Unifert - Clínica de Fertilidade Conjugal; mestre e doutor em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, e presidente da Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva.

 

 

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