pintura de Marx Ernest

 É Natal! Como sempre foi!

Eddie Van Feu


O Natal faz parte de nossas vidas há séculos. Entre as mensagens de amor e paz e a chuva de presentes, entre a árvore decorada e as guirlandas na porta, o Natal se apresenta para lembrar o nascimento de Jesus.

Isso nos leva a pensar que o Natal teria surgido depois do nascimento de Cristo, mas não é bem assim. Durante a implantação do Cristianismo, a Igreja, já estabilizada, procurou catequizar outros povos, mas se deparou com antigas crenças já enraizadas.

A esses povos que seguiam outros deuses e possuíam outras tradições, chamaram pagãos, que na verdade quer dizer “aldeão” (do latim paganus). Os camponeses e pessoas de regiões afastadas não tinham motivo para adotar uma nova religião, já que não tinham problemas com as suas, mas a Igreja se tornou um grande poder e a chegada do Cristianismo para todos foi inevitável.

A transição das antigas religiões para a nova nem sempre foi fácil e, em alguns casos, foi preciso muita luta. Em outros, foi preciso jogo de cintura. Os celtas, por exemplo, que habitavam Gales e a Irlanda, continuaram a realizar seus rituais e encantamentos, mas agora em nome de Jesus, enquanto a Virgem Maria assumiu a figura da Grande Mãe, a Deusa, cultuada por centenas de povos ancestrais.

A Igreja, por sua vez, também teve que ter um pouco de jogo de cintura, já que nem sempre a espada dos cruzados resolvia. Algumas datas consideradas mágicas e poderosas não saíam das festividades locais. Cientes de que era muito difícil mudar velhos hábitos, essas velhas datas ganharam novas roupagens, entrando assim no calendário cristão e deixando de ser pagão.

No Historia ecclesiastica gentis Anglorum ("História Eclesiástica do Povo Inglês), encontramos uma carta do Papa Gregório I para São Mellitus, que estava então partindo para a Inglaterra para conduzir um trabalho missionário entre os pagãos anglo-saxões.

O Papa sugere nessa carta que seria mais fácil converter os pagãos se eles pudessem manter suas tradições e práticas, enquanto se dirigisse essas tradições espirituais para um único Deus verdadeiro, ao invés de seus deuses pagãos (chamados pelo Papa de demônios). O Papa afirma que tal tática de conversão é perfeitamente aceitável e lembra que Deus fez algo muito parecido com os antigos israelitas e seus sacrifícios pagãos.

Por isso, muitas das festividades e dias especiais que temos hoje encontram eco em religiões do passado que existiam muito antes do Cristianismo. Dois exemplos marcantes são o Halloween (a Noite dos Antepassados que virou Véspera de Todos os Santos / Finados) e o Natal.

O Natal

A data cristã mais importante para os fiéis é pagã. Essa afirmação poderia provocar polêmica e vidraças quebradas em outros tempos, mas vivemos um momento de abertura em que a maioria das pessoas perdeu o medo de aprender coisas novas, já que isso não mudará quem são e no que acreditam.

O Natal nasceu do Yule, o solstício do inverno celebrado pelos pagãos (especialmente germânicos, por isso a quantidade de decoração atual inspirada na cultura alemã). Também chamado de Yule pelos celtas e de Ásatrúar pelos germânicos, era um dos oito festivais solares, chamados sabbats.

Na bruxaria moderna, esses sabbats são celebrados em datas distintas de acordo com o hemisfério. O Yule, por exemplo, é celebrado no solstício de inverno, que no Hemisfério Norte é no dia 21 de dezembro e no Hemisfério Sul cai no dia 21 de junho.

O Yule ou "Yuletide" pedia músicas que inspiravam as pessoas ao clima de festividade. A guirlanda, popular hoje em vários lares como enfeite de Natal, simbolizava a roda da vida, pois o Yule era considerado também um momento em que a roda virava, indo para uma nova fase no ciclo eterno que a natureza seguia.

No século IX, artesãos foram acusados de heresia ao fazer essas guirlandas, pois sabia-se que elas tinham também função mágica para atrair clientes, melhorar os negócios, dar saúde e alegria (dependendo do material de que eram feitas).

Nos tempos antigos, o Yule era também um dia de festa, dança, comidas e música, uma grande confraternização onde todos celebravam a vida. Na Groenlândia, O Yule foi banido quando a Reforma chegou. Na Escandinávia, um porco era sacrificado em homenagem ao deus Freyr (irmão da deusa Fréia).

Daí a tradição de se comer presunto no Natal, seguida até hoje na Escandinávia e em outros países (até no Brasil, que teve suas terras pisadas pelos nórdicos, antes mesmo dos portugueses. Os nórdicos diziam que além mar havia uma grande ilha paradisíaca onde todos eram belos, usavam poucas roupas, amavam com liberdade, comiam com fartura e o clima era perfeito. Para esta terra iam os heróis e guerreiros e seu nome era Hi-Brazil).

Mesmo com a incorporação do Natal cristão nas festividades populares, demorou para que os rastros pagãos fossem completamente apagados. No século IX, clérigos acusaram as pessoas que participavam de um grande banquete anual no dia 26 de dezembro, pois era o dia do deus pagão Jul, quando era então possível falar com os mortos e os demônios podiam passear pela terra.

Muitos padres denunciaram essa festividade, acreditando que além de uma ameaça à ordem pública, era também um evento satânico e imoral. Hincmar, em 858, tentou em vão catequizá-los.

Na bruxaria moderna, o Yule é, juntamente com Beltane e Samhain (Halloween), um dos mais populares festivais. Algumas tradições (a bruxaria é muito rica e possui várias vertentes e linhas) celebram a morte do Santo Rei Sagrado (simbolizando o Ano Velho e o enfraquecimento do Sol – lembrando de que é o solstício do Inverno, a noite mais longa do ano).

O Rei morre nas mãos do Novo Rei, o Novo Ano e o Novo Sol que começa a se fortalecer). Outras tradições celebram o aniversário de novo Deus Sol. Um ritual tradicional nesta ocasião é uma vigília do anoitecer ao amanhecer na noite mais longa do ano para se assegurar que o Sol surgirá novamente.

Eddi Van Feu é Jornalista e escritora, bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estácio de Sá

 

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