O pai e seu envolvimento na família

MARIA AUXILIADORA DESSEN

 

O que é ser pai? Trata-se de uma questão difícil de responder, pois depende do contexto cultural e social e dos papéis que o homem desempenha dentro da família.

Nas sociedades ocidentais, encontramos basicamente três tipos de papéis: o tradicional, o moderno e o emergente. No primeiro caso, as atividades do pai são centralizadas no trabalho, sendo atribuída à mãe a responsabilidade pelos cuidados dos filhos.

Para o pai moderno, o desenvolvimento bem sucedido dos filhos passa a ser uma meta importante, particularmente no que tange ao papel sexual e ao desenvolvimento acadêmico e moral. O pai emergente, por sua vez, é aquele que compartilha com sua parceira, de modo mais igualitário, das atividades de cuidados dos filhos.

Considerando os diferentes papéis que os homens desempenham dentro da família, há uma grande variabilidade entre pais. Temos o pai biológico, o pai econômico (que provê o sustento dos filhos), o pai social (que dá o suporte emocional e psicológico) e o pai legal, categoria importante, particularmente, em países onde a paternidade não é reconhecida se o homem não é casado legalmente com a mãe biológica da criança.

Um mesmo pai pode desempenhar as quatro funções, mas há aqueles que exercem apenas uma ou duas delas. Por exemplo, em famílias divorciadas, podemos encontrar um pai biológico que é também o pai provedor, mas não o pai social. Essa função pode ser exercida pelo novo parceiro da mãe.

Portanto, o desempenho dos papéis e as relações que os homens mantêm na família variam muito. Por exemplo, as relações conjugais e parentais em famílias nucleares tradicionais são diferentes daquelas estabelecidas em formas alternativas de famílias (ex.: casais homossexuais, casais que moram em casas separadas etc.) ou famílias recasadas.

Mas, independentemente das relações familiares, os pais contribuem para o desenvolvimento de seus filhos? As pesquisas têm mostrado que sua contribuição é maior, sobretudo, em se tratando do desenvolvimento sexual e social das crianças. Por outro lado, os estudos têm associado a ausência do pai na vida familiar a condições financeiras mais precárias e à falta de suporte, particularmente à mãe.

Uma mãe que cuida de seus filhos sozinha, além de uma sobrecarga maior de atividades domésticas, ainda precisa trabalhar fora de casa para o sustento da família, o que reduz drasticamente a sua disponibilidade para cuidar das crianças, gerando estresse e, conseqüentemente, relações familiares insatisfatórias. No entanto, quando se controla o fator pobreza, não se verifica o efeito da presença ou ausência do pai.

Algumas correntes defendem a existência de uma prerrogativa biológica para as mães cuidarem mais de seus filhos que os pais. Outras, porém, afirmam que essas tendências são culturalmente modeladas. Mas, o envolvimento paternal está relacionado às inter-relações entre fatores biológicos, psicológicos, sociais, culturais e históricos, delineando uma trajetória específica de envolvimento.

Os dados revelam que, em sua maioria, os homens estão ausentes e as mulheres presentes, particularmente quando as crianças são cuidadas só em casa. Em um extremo, alguns homens nunca vêem suas crianças ou, como no caso de doador em inseminação artificial, até mesmo não vêem a mãe. No outro extremo, cerca de 1% toma os encargos de suas crianças sozinhos. O restante dos pais está espalhado entre esses dois extremos.

A paternidade é um fenômeno compartilhado entre homens e mulheres e um dos meios de se construir a relação conjugal. Qualquer análise sobre a paternidade precisa começar com a observação de que, em poucas sociedades, os homens cuidam de suas crianças no dia-a-dia.

As pressões de trabalho, a falta relativa de recompensa pelo engajamento dos pais nos cuidados das crianças e as negociações sutis entre parceiros na determinação da parte desempenhada pelo homem nas famílias precisam, todas, ser levadas em consideração para a compreensão da paternidade.

Além disso, é preciso levar em consideração que há mulheres que ‘não deixam’ o homem exercer o seu papel de pai, apesar de suas reivindicações. Em geral, elas têm ‘medo’ de perder seu espaço dentro da família.

Embora não haja consenso na literatura a respeito do tipo e direção (se positiva ou negativa) da influência do pai no desenvolvimento e bem estar dos filhos, não podemos negar que uma convivência pai-filho saudável é fundamental para a promoção do desenvolvimento humano, tanto para o pai quanto para o filho.

Maria Auxiliadora Dessen é professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB). Tem pós-doutorado na Universidade de Lancaster (Inglaterra) e no Max Planck Institute (Alemanha) em desenvolvimento social na infância e em desenvolvimento familiar. É co-autora do livro A ciência do desenvolvimento humano: tendências atuais e perspectivas futuras (Artmed, 2005).

 

 

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