As diferenças da traição

 

Por Silvana Martani

continuação...

De uma maneira geral, a confiança entre as pessoas escreveu a estória da humanidade em todos os seus aspectos e determinou a evolução e desenvolvimento da nossa espécie.

Mas o que aconteceu com a confiança entre as pessoas? Porque hoje é tão difícil se confiar em alguém?

Existem muitas respostas para estas perguntas, mas vamos ponderar sobre algumas. É certo que as pessoas receberam nos últimos anos uma educação mais liberal, menos opressiva e isso as transformou em indivíduos mais abertos, livres das amarras que norteavam a geração de seus pais.

É sabido, também, que os padrões sociais se “afrouxaram” para que as pessoas pudessem usufruir de uma série de vivências e experiências para apurar o discernimento do que é certo e errado, do que é bom e ruim para cada uma. Mas o bom e ruim para a pessoa nunca invalidou o bom ou ruim para o outro ou para a sociedade de uma formal geral.

Como todo período de mudança de padrões, todos os excessos foram cometidos o que levou a sociedade a questionar suas regras de convivência e relacionamento. Nesta reflexão as pessoas concluíram que certos padrões eram inquestionáveis por garantir não só a sobrevivência das relações, mas, também, da estrutura emocional saudável das pessoas.

Com mais liberdade, todos passaram a notar melhor seus desejos e vontades e a respeitá-los o que provocou uma conscientização importante e necessária. Mas o desejo e as vontades, em alguns casos, foram priorizados em detrimento dos vínculos o que possibilitou a estrutura emocional das pessoas uma concessão importante.

Com a concessão instalada, os vínculos se tornaram muito frágeis e passaram a ser sub-valorizados e sentidos como limitantes. Desta forma, a relação afetiva passa por uma distorção importante de formato e conteúdo, ou seja, o namoro e o casamento como instituições não deveriam “engessar” os desejos e vontades de experimentar outras pessoas.

Não há qualquer problema em experimentar e vivenciar várias pessoas mas, quando se tem um vínculo, imergimos em uma situação muito particular que é a expectativa do outro e seus limites afetivos.

É interessante como toda essa mudança desqualificou certos comportamentos e posturas, transformando os vínculos afetivos em relações frágeis e neurotizantes. A confiança é necessária para que as ligações afetivas não se sobrecarreguem de preocupações e investimento, comprometendo toda a existência dos envolvidos.

A traição rompe o trato com a confiança e enfraquece qualquer vínculo. Um relacionamento que sobrevive a uma traição muda de formato porque os acordos foram mudados sem o consentimento de ambos. Normalmente, as pessoas não suportam a traição e não conseguem conviver com o fato de não deterem a exclusividade de afeto ou interesse do outro.

Este fato desencadeia uma série de comprometimentos porque não se resume ao ato e seus desdobramentos, mas ao rompimento do acordo firmado que cria uma nova realidade e abala diretamente a auto-estima, as crenças, os sonhos e os sentimentos de quem é traído.

Homens e mulheres sentem a mesma dor ao serem traídos, o que muda é a forma como resolvem para si esta vivência. O que percebemos é que a história da trajetória feminina de opressão e discriminação fortaleceu as mulheres quanto às dores e maus tratos o que possibilita, muitas vezes, delas se recuperarem da traição em um tempo menor do que os homens.

Os homens, por sua vez, se ressentem duplamente com a traição por terem sido traídos e por não terem percebido imediatamente. Por se acharem mais competentes em muitos aspectos, a traição soa como “baixa de guarda”, além de ignorância e isso gera longos períodos de “hibernação”.

Seja como for, não podemos esquecer que maus tratos (psicológicos ou físicos), desconsideração e desamor são atitudes que ajudam a construir uma traição e devem ser considerados na hora de julgar alguém. Os tempos mudam e algumas coisas sempre vão soar de mesma forma, causando muita dor e a traição, certamente, é uma delas.

Silvana Martani é psicóloga e especialista em obesidade na Clínica Beneficência Portuguesa.

 

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