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SESC PINHEIROS ABRE A EXPOSIÇÃO "POVOS DE SÃO PAULO", RESULTADO DE WORKSHOPS DE GRANDES NOMES DA FOTOGRAFIA


Com "Povos de São Paulo", o SESC Pinheiros inaugura seu amplo espaço de destinado às exposições fotográficas, no terceiro andar da unidade. O conceito da mostra veio ao encontro com uma das vocações do SESC Pinheiros. Localizado no Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, o prédio está em contato direto com uma multidão proveniente das mais diversas origens. Neste caldeirão de identidades convivem camelôs e comerciantes, empresários e trabalhadores, residências de ótimo padrão e cortiços. Enfim, um local da cidade de encontro de todas as diferenças, em que se misturam cores, aromas, estilos e particularidades que, em meio ao caos, tornam-se um retrato panorâmico da miscigenação característica dos paulistanos.

Show de abertura

Com direção musical e participação de Carlinhos Antunes, o espetáculo reúne ainda o alaudista libanês Sami Bordokan, Fanta Konate e Luiz Kinugawa para intercambiarem culturas. O repertório selecionado contempla composições próprias e clássicos da música do Oriente Médio e da África e é extraído dos Cds "Mundano" e "Paisagem Bailarina" de Carlinhos Antunes e "A Corda da Alma" de Sami Bordokan e músicas da Guiné da cultura mandinga. A instrumentação é variada e com muitas nuances timbrísticas. Violão,viola caipira, kora, cuatro, alaúde, baixo acústico, percussão variada,rabeca, violino, flautas saxofone e acordeom.

Durante 40 minutos, serão apresentadas entre outras composições: "Latina", "Maria Rosa", "Iuna" e "Boi de Semi-colcheira" de Carlinhos Antunes, "Mungú de Cá", de Lokua Kanza e Carlinhos Antunes, "Lamma bada", "Sama’i Baiati", "Much munken" e "A Corda da Alma", adaptações e composições de Sami Bordokan além de músicas do universo mandinga da Guiné .

MÓDULOS DA EXPOSIÇÃO

"A Cara Do Paulistano" (Gal Oppido) – a miscigenação é um traço fundamental de São Paulo – uma cidade onde muitas barreiras e preconceitos foram quebrados na formação de famílias inter-raciais. Gal e seu grupo com 15 participantes, produziram retratos de paulistanos multi-étnicos, como Petra Correia Schwarz e seu filho Lorenzo, fotografados por Luciana Cavalcanti: Petra é filha de negra com alemão e o pai de Lorenzo é descendente de italianos. Gal, o coordenador do grupo, realizou 3 impactantes retratos em câmera de grande formato, com personagens que possuem traços evidentes da miscigenação em seus rostos.

"A Cozinha dos Imigrantes" (Eduardo Muylaert) – a influência dos povos imigrantes na memória culinária dos paulistanos é o tema que Eduardo e seu grupo desenvolveram. Muitos restaurantes e personagens foram registrados, entre eles, nas fotos de Magali Medina, Dona Felicidade Bastos, portuguesa de Cunha da Beira Alta que chegou ao Brasil em 1934; mais tarde casou-se com o padeiro Manuel e juntos abriram uma mercearia no Sumarezinho.

A família cresceu, vieram cinco filhos e a merceria virou um sucesso gastronômico. Hoje Dona Felicidade tem com os filhos o famoso restaurante "Dona Felicidade" na Pompéia. Fotografados por Francisco Pinto Jr., Eric Pierre Joël Schaefer, francês nascido em Nancy, sua esposa, Daniela Carvalho Schaefer e a filha do casal Alice Schaefer, na cozinha de sua casa em Santana. Os dois cozinham "Tarte Flete", torta de batatas com bacon, cebolas douradas, queijo Reblochon e pimenta do reino. Prato típico de Nancy. Eduardo Muylaert fotografou Paola Florencia Carosella, argentina de Buenos Aires, filha e neta de italianos. Cozinhando profissionalmente, incorporou a "indispensável disciplina francesa" e tem seu próprio restaurante em São Paulo, o Julia Cocina.

"Os Sons e a dança da metrópole" (Marlene Bergamo) – todos os sons e movimentos se juntam nesta babel macunaímica, que é a cidade de São Paulo, num movimento contínuo, que não se deteve com o fim do ciclo migratório. Capoeira, dança de salão, djs de música eletrônica, dança do ventre, dança moderna, luzes e sons formam um multicolorido painel da cidade São Paulo. Erico Cavallete integrante do Grupo de Marlene fotografou um personagem da cena globalizada: Tim Adams, DJ canadense, muda de país mas não de ambiente. No Canadá era dono de uma casa noturna, produtor e DJ. Na Austrália continuou organizando shows e eventos. No Brasil, toca na noite e produz apresentações de artistas internacionais. Namora Cláudia, brasileira, há cinco anos. Já Marina Guzzo fotografou Kis Làszló, húngaro, 25 anos, tatuador. Um dos muitos estrangeiros que permanecem no Brasil atraídos pela capoeira.

"O personagem paulistano, o estilo, o vestir" (João Wainer) – a mistura de elementos e influências são referências constantes à nossa múltipla origem. Aqui, o vestir é o termo amplo que designa toda a indumentária usada para o dia-a-dia destes vários paulistanos retratados por João e seu grupo. A jovem fotógrafa de origem japonesa Adriana Yuri Sato, retratou sua mãe e tias, Sadako Sato, Masalp Obata e Fumiko Katanosaka vestindo peruca vermelha em alusão às heroínas dos desenhos japoneses e ironizando ao mesmo tempo a máxima popular "japonês é tudo igual". Alex Andrade constrói uma imagem vertiginosa fotografando Alex Facchini, descendente de ingleses e italianos, numa alusão ao Cristo de braços abertos, remetendo à busca de fé e liberdade de expressões.

"Todas as cidades em uma - a arquitetura dos povos" (Juan Esteves) – São Paulo se apresenta como um sem fim de estilos, formando um quebra-cabeça desorganizado e fascinante, palco para o trabalho de Juan e seu grupo. Na fotografia de Greg Meier, Edíficio Martinelli, primeiro arranha-céu de São Paulo, inaugurado em 1929 e construído pelo imigrante italiano Giuseppe Martinelli, fundido a outros imóveis num cenário caótico e instigante. Já Juan Esteves, realizou dois poéticos "retratos" da Mesquita Brasil, a primeira do gênero construída em São Paulo na década de 1940, no bairro do Cambuci.

"A Casa dos Paulistanos" (Penna Prearo) – Penna e seu grupo retrataram espaços e objetos e suas histórias no uso doméstico. Um ensaio sobre a diversidade do design e das apropriações de costumes multi-étnicos, em casas de paulistanos de todas as origens. Cida D’Agostinho registrou, com uma sutileza singular, um detalhe da porta da geladeira e seus recados, apresentando o espírito do lugar, a "Adukala" (cozinha) da casa de Patrícia Romano, brasileira filha de indianos e professora de dança clássica indiana. Já Penna, apresenta a casa de Felipe Ehrenberg, artista visual mexicano: um sem-fim de elementos hora Brasil, hora México.

"Os Mercadores da Cidade – o Comércio na Metrópole" (Mônica Zarattini) – uma das principais atividades dos imigrantes ao chegar numa nova cidade é o comércio, as relações já não são tão obvias (a padaria do português e a pizzaria do italiano), o quadro é o mais diversificado retrato de um mundo plural. O fotógrafo André Klotz retratou, com humor, Tom Green: um dos responsáveis pela face psicodélica da metrópole. O artista londrino que vive na Vila Madalena cria, fabrica e vende luminárias, um novo perfil de imigrantes contemporâneos. O curioso é que a própria foto incorpou o espírito psicodélico.

"Crenças, cultos e misticismos na cidade de São Paulo" (Egberto Nogueira) – a cidade de São Paulo é marcada pela convivência das diversas crenças dos povos que formaram a cidade, assim como o sincretismo que forma novas expressões. Egberto e seu grupo percorreram igrejas, templos, centros e os espaços dedicados ao culto particular dos paulistanos em suas casas. O resultado não podia ser diferente: múltiplas facetas de uma múltipla metrópole como o belo ensaio de Gisele Martins sobre a Missa da Mãe Negra, uma celebração Afro na Paróquia Nossa Sra. Achiropita, no bairro do Bixiga. A paróquia foi construída em tradição calabresa, no bairro ícone dos italianos na cidade, mas não podemos esquecer que o Bixiga já abrigou o quilombo Saracura e é berço da Escola de Samba Vai-Vai. O fotógrafo Marcos Camargo ironiza ao apresentar o trabalho intitulado "La Sagrada Globalización", o culto é à Coca Cola.

"Flora e fauna da cidade" (Pisco Del Gaiso) – o grupo de Pisco teve uma tarefa complicada: qual a relação entre imigrantes, animais e plantas? No resultado algumas curiosidades e revelações: o fotógrafo Samuel Silveira, de 14 anos (cursa a oitava série na Escola Municipal em Sapopemba). Diz que para ele fotografar significa "prestar atenção". A fotografia, diz Samuel, "desperta a inteligência" e em suas fotos apresenta "Vacas: Próximo à minha casa na COHAB de Teotônio Vilela, na região de Sapopemba são criados alguns animais como vacas, cabras, galinhas d’angola e cavalos. O que mais me chamou atenção foram as vacas que são criadas pelo Sr. Antonio Pinheiro, que desde 1983 quando chegou à São Paulo cria suas vacas na região. São aproximadamente 40 cabeças das raças Gessa, Holandesa, Santa Gertrudes e Nelore. Durante o dia elas pastam nesse terreno entre os prédios e a noite são recolhidas num curral instalado dentro do próprio conjunto habitacional." Já o fotógrafo Rogério Cassimiro fotografou Sumiko Namba, filha de japoneses, bióloga, junto a uma coruja.

"Imagens da vida privada dos povos de São Paulo" (Iatã Cannabrava) – o cotidiano e os costumes de um povo sofrem mutações: em cada grupo étnico, cada grupo social, cada bairro, estes costumes sofrem constantes mutações. Iatã e seu grupo percorreram o universo da vida privada de indivíduos multi-étnicos, desvendando um pouco do seu cotidiano. A fotógrafa Kriz Knack apresentou em uma montagem no estilo do artista Inglês David Hockney o casal Xantili e Ariela. Com um lado holandês (Ariela) que se mistura a um passado africano, mostra uma fronteira muito divertida da miscigenação da nossa cidade. Já Kika Nicoleta, produz um instigante "ensaio em auto-retrato-digital": ela e seu marido Chin nas veias de uma webcam.

SESC PINHEIROS / EXPOSIÇÃO POVOS DE SÃO PAULO

Rua Paes Leme, 195, Pinheiros

Tel.: 11-3095-9400 // 0800-118220 // www.sescsp.org.br

 

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