Tuca era um menino muito bom

Max Miranda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Brincava gritando, sozinho.

Por que não?!

Deixe o menino.

Ele é assim, custoso e quieto. "Na-dele", o melhor amigo apaziguava. Tudo em família. Jantar. Aniversário da irmã mais velha. O banho foi demorado. Esperava a amiga da irmã mais nova. Laurine, a bela ruiva. Tinham a conhecido no ano passado. Gamou, pensou nela várias vezes. Menino, saia do banheiro! Gritava a avó. Não tinha pai, falecera no inverno de 1915 - estamos em 1930. Vai-e-vem, manual. Tuca, agora com quinze nas costas. Levado ainda. Levado! Perfumou-se, descontrolou com a mão direita a franja loirinha.

E com a esquerda ajeitou seu sexo, desde já quente, a saltar a qualquer momento da braguilha. Camiseta pra fora, disfarce. Pronto, desceu até a sala, a primeira do casarão, o jantar aconteceria na varanda, do lado de fora da casa; verdes, bancos, mesinhas-de-centro, pássaros nas gaiolas: A família tinha umas 12 delas. Tuca não achava uma coisa certa aquilo tudo; pendurados, sofridos, presos, coloridos. Peninha.

Olhou rápido para o lado, era ela, a Laurine. Tinha espinhas! Olhava arregalado! Cabelos crespos! Gorda! De chinelas de duas tiras. As unhas só no toco, comidas. O vestido era branco, até o calcanhar, largo. Evitou olhar mais. Passou, e Laurine nem percebeu. O que acontece, mãe, com essa garota? Perguntou o mocinho de coração decepcionado. Era tão linda! O que foi, mãe, me conte? Ela deixou o semblante há seis meses. Enlouquecera, do nada. Passou pela menina, mais uma vez. Acreditou na história da mãe e pensou com ele: os pássaros nas gaiolas são uma loucura dos meus pais. Antes assim...

Caminhou pro jardim, sentou-se, olhou as estrelas, caía uma. Pedido: papai do céu! Tuca não estava acostumado com as coisas da vida. Pensava que era tudo um prazer, como o seu no banheiro, pensando na Laurine do ano passado. Os lugares, talvez, talvez, talvez, permanecem sempre os mesmos. E as pessoas? O drama de Tuca se alastrava muito rápido. Compreendera, e de menino sobrou pouca coisa. Gritou sozinho, como era de costume, ninguém estranhou. Só ele entendeu.

03/01/2005

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