Crônica da Alma 1: no banheiro

Alice Galvão

 

Manhã nublada de céu rajado, cor de tormento.
Em segredo, jogou mais algumas naftalinas no chão.
Torceu a torneira da pia. Tornou a torcer. Destorceu.
No espelho, se distorceu.
Abriu bruscamente o armarinho. Lá estavam elas. As malditas malcheirosas. Alvas. Observando seus bastidores.

Sofreu sentado no vaso sanitário. Sorriu para as tulipas do azulejo.
Lembrou-se do céu. Sem olhar, viu o sol. Empalideceu.
Abriu o chuveiro torcendo, receoso, a torneira. Torcendo para a água do mundo não acabar.

Com a toalha nos cabelos, no espelho embaçado se distorceu.
Não enxergava o chão. Deu de ombros. Sentiu um cutucão. Estremeceu.
Para o alto, olhou a luz da lâmpada. Desconfiado.

Arrastou as bolinhas no chão. “Todas para o canto!” Foi para o outro. Sentiu sufoco, suou. Torceu a toalha, abanou. Torcia o nariz.

Em fila, elas subiram pela parede. A visão distorceu.
Estavam em todos os cantos do teto. Desesperou.

Girou, caiu, gritou, engoliu.

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