Artigo |
7 de abril de 2005 |
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Golpe contra a democracia no México | |
por Emir Sader Partidos conservadores do México, apoiados pela Casa Branca, tentarão nesta semana cassar no Congresso a imunidade do governador do Distrito Federal, Andrés Manuel Lopez Obrador, favorito para triunfar nas eleições presidenciais de julho de 2006. Nesta semana, provavelmente na quinta-feira (7), o Parlamento pode ratificar essa decisão. Se isso acontecer, aumentarão as pressões contra a candidatura de Obrador, impedindo que os mexicanos decidam livremente sobre quem desejam que governe o país, em meio a uma de suas maiores crises, causada pelo fracasso do governo do presidente Vicente Fox. A grotesca acusação contra Lopez Obrador é a de que ele ordenou a expropriação de um edifício privado para a construção de uma rua de acesso a um hospital, na capital mexicana. O proprietário apresentou um recursos à Justiça, que pediu a suspensão da imunidade do governador, concedida agora pelos deputados, temerosos da força da candidatura de Lopez Obrador. Para quem conhece um pouco da política mexicana, com os incontáveis casos de corrupção que permanecem impunes, pode imaginar a farsa que significa essa acusação. A proibição de Lopez Obrador de ser candidato à presidência do México “o converteria no maior herói mexicano do século XXI; poderia provocar o caos político; projetaria uma imagem negativa do país no mundo”. As declarações não são de algum político do opositor PRD, partido de Lopez Obrador, mas de um dirigente do PRI. Lopez Obrador afirma que seguirá candidato, mesmo na prisão. A maior das manifestações políticas que o México conheceu se deu em apoio a ele, e espera-se que qualquer punição suscite uma onda de manifestações que agitará todo o México. Nesse episódio está em jogo a democracia no México, e em parte significativa o destino do continente. Se o governo mexicano escapar do controle das políticas de Washington, crescerão as perspectivas de integração latino-americana, a partir de 2006, com a reeleição de Hugo Chávez, de Lula e de Kirchner, somadas à eleição de Lopez Obrador e de Evo Morales, mais o governo de Tabaré Vázquez no Uruguai. Seria um quadro inédito e extremamente favorável à integração da América Latina. Por isso o governo Bush se jogará com todas as suas forças contra essa possibilidade, de que a ofensiva contra Lopez Obrador faz parte. Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História". *publicação autorizada pela Agência Carta Maior |
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