Goiânia Mostra Curtas

Descentralização do audiovisual

A coordenadora do Goiânia Mostra Curtas - Maria Abdalla- nesta entrevista fala sobre o papel e a importância do Goiânia Mostra Curtas, analisa a produção do audiovisual brasileira e conta os bastidores da luta para a realização de um evento cultural, num país sem política cultural digna.

 

eNT Nádia Timm - O que a Goiânia Mostra Curtas representa para a produção local e nacional?

Maria Abdalla - Acredito que, localmente, a Goiânia Mostra Curtas tem papel fundamental na formação de público de todas as idades para o cinema nacional.

A programação de debates e oficinas também colabora para a qualificação de profissionais no mercado do audiovisual, oferece excelente oportunidade de troca de experiências com grandes profissionais, além de fomentar discussão atualizada sobre políticas públicas e tendências mais contemporâneas tendo como foco sempre o universo do cinema e do vídeo.

Nacionalmente, a proposta da Goiânia Mostra Curtas também tem bastante destaque à medida que integra uma rede de eventos que oferece oportunidade rara para exibição de filmes curtos que, fora dos festivais, encontram poucas opções de veiculação.

Assim como festivais semelhantes, sediados no Espírito Santo e no Pará, a Goiânia Mostra Curtas é estratégica para a descentralização do circuito cultural do audiovisual.

eNT Nádia Timm - E para você, o que significa este trabalho?

Maria Abdalla - Idealizar e concretizar um evento como a Goiânia Mostra Curtas é extremamente gratificante por contribuir com a formação de público, difusão e democratização da produção cinematográfica nacional.

eNT Nádia Timm - Ao longo de cinco anos, quais foram às conquistas?

Maria Abdalla - A grande conquista foi o público, que desde a primeira edição tem prestigiado de forma crescente o evento. E percebemos que estamos construindo, em Goiás, um novo olhar para a linguagem cinematográfica, principalmente no formato de curta-metragem.

Posso citar também a consolidação do evento e o respeito nacional adquirido pelo projeto à medida que a Goiânia Mostra Curtas oferece estímulo e fomento a produção local, promove intercâmbio entre produtores, cineastas, ministrantes, debatedores e mostrar a produção nacional em curta-metragem, exibindo a diversidade cultural.

Conquistamos também importantes parcerias, em diferentes níveis de colaboração, o que nos tem permitido realizar o evento, anualmente.

 

O Teatro Goiânia sediará a 5ª edição do Goiânia Mostra Curtas

eNT Nádia Timm - E as dificuldades?

Maria Abdalla - As principais dificuldades estão baseadas na captação de recursos para a realização anual do trabalho, desenvolvido ao longo de cinco meses, em média, para pré-produção e produção.

É sempre uma batalha. As leis de incentivo têm sido fundamentais para a viabilização do projeto, mas os investidores potenciais – tanto o poder público quanto a iniciativa privada – ainda estão num processo de sensibilização, descobrindo o excelente negócio que é apostar na cultura para obter visibilidade.

Sobretudo em um evento como a Goiânia Mostra Curtas, que tem número crescente de espectadores a cada ano, o investimento tem retorno garantido para o patrocinador.

 

eNT Nádia Timm - Quais as novidades em 2005?

Maria Abdalla - A quinta edição da Goiânia Mostra Curtas programa uma mostra especial sobre Cultura Popular, tema que atravessa o festival e marca presença também nas discussões sobre o papel do audiovisual no resgate dos saberes tradicionais.

Os curtas de animação entram para a programação do festival em caráter permanente, como acontece com as outras mostras: Brasil, Municípios e Goiás.

Outra novidade é a 4ª Mostrinha, dedicada ao público infantil, que este ano ganha atividades complementares, enfocando aspectos educativos e não somente contemplativos do audiovisual.

eNT Nádia Timm - Quais são suas críticas em relação à realização do 1º Festcine de Goiânia?

Maria Abdalla - Que a proximidade entre dois eventos de audiovisual, que passam pelo mesmo processo de produção, prejudicaria um festival já existente

. A Goiânia Mostra Curtas é pioneira, o primeiro evento a colocar Goiânia no calendário nacional de festivais, com data de realização sempre em outubro e que, apesar de sua trajetória árdua nos seus cinco anos de existência, está inegavelmente consolidado.

Portanto, o que espero do poder público é o fortalecimento da 5ª Goiânia Mostra Curtas e não uma concorrência. Como organizadora de festival e membro do Fórum dos Festivais, conforme o código de ética do mesmo, sugerimos um acordo sobre as datas dos festivais, para que não haja choque em relação à realização de ambos no mesmo semestre.

Principalmente, por se tratar de um mesmo Estado e município. A proximidade de datas provoca uma concorrência na captação de recursos, e a meu ver uma concorrência desleal!

Gostaria de reforçar que não nos opomos à criação de mais um festival de vídeo e cinema, mas o Icumam se posiciona de forma contrária à data de sua realização. Talvez por causa disto, falte apoio do poder público municipal (realizador do Festcine) para a Goiânia Mostra Curtas.

eNT Nádia Timm - Como está o panorama produção de curtas no Brasil?

Maria Abdalla - Considero a produção em termos quantitativos bastante prodigiosa, mas o mesmo não posso dizer da qualidade da maioria das produções.

Há, evidentemente, filmes excelentes, que se destacam por sua ousadia, linguagem e humanismo. Mas considero que o maior problema, tanto em curtas quanto em longas, é a frágil qualidade dos roteiros e dramaturgia. Também sinto falta de novos atores em cena.

De um modo geral, quando há recurso financeiro, as produções trazem caras conhecidas da TV, de outra forma, contam com o apoio dos amigos, estudantes de teatro. Existem atores magníficos que nunca são lembrados. Talvez por isso os documentários brasileiros têm se destacado tanto ultimamente.

 

eNT Nádia Timm - Em que ela se difere das de outras regiões do mundo?

Maria Abdalla - Acho que pela diversidade dos temas, pela presença de muita música de qualidade.

eNT Nádia Timm - O que precisa ser redimensionado na política para este setor?

Maria Abdalla -Investir na qualificação técnica, nas escolas de cinema e no ensino, destacando a necessidade de se escrever bons roteiros com histórias interessantes.

Sair um pouco do experimentalismo e investir de forma consistente na dramaturgia, na formação do ator, criando espaços de trabalho, alternativas viáveis de exercício. Ou seja, criar verdadeiras políticas públicas para o setor em formação, produção e exibição.

eNT Nádia Timm - Um recado especial para os internautas.

Maria Abdalla -Teremos mais de 100 curtas-metragens representando a produção audiovisual de todo o País, sendo exibida durante cinco dias de mostra, no Teatro Goiânia, entre 11 e 16 de outubro. E melhor ainda: toda a programação é gratuita!

Quem é
MARIA ABDALLA

Maria Abdalla é Bacharel em Serviço Social pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), produtora cultural e presidente do ICUMAM - Instituto de Cultura e Meio Ambiente.

Como produtora cultural atuou no Zabriskie Teatro Escola; 4º Fórum Goiano de Cultura; projeto Sabadus Performáticus (Dom Sebastian Bar e Restaurante); espetáculo teatral O Insólito Ensaia, com criação e apresentação de Paulo Vespúcio; cursos de teatro; shows da cantora Cláudia Vieira; workshops sobre mercado cultural.

Foi assistente de coordenação das 1ª e 3ª edições do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental - FICA; coordenou o projeto Cinema para Todos pelo interior de Goiás; foi assistente de produção do longa metragem Uma Vida em Segredo, da diretora Suzana Amaral, em Pirenópolis.

Dirigiu a produção do documentário O Caso Matteucci; coordenou as duas edições do projeto Cinema Popular, exibição itinerante de filmes nacionais no interior de Goiás; esteve à frente das quatro edições anteriores da Goiânia Mostra Curtas e é a coordenadora Geral da 5ª edição do Goiânia Mostra Curtas.

 

Ficha Técnica da Equipe

Coordenação Geral: Maria Abdalla
Coordenação de Produção: Maria Abdalla
Produção: Wanderley Silva
Assistente de Produção: Beatriz Del’Arco
Secretária: Golda Meir
Tecnologia da informação: Valter Pessoa Júnior
Captação de Filmes: Wanderlei Silva e Fabiana Duarte
Programação: Maria Abdalla

Confira o regulamento em:

http://www.goianiamostracurtas.com.br/

agosto de 2005

 

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