continuação...

Notícias do Planalto

Peguei um táxi na 108 Norte, para ir para ao Lago Norte, o motorista deu uma carona para a mulher dele que estava indo para o Varjão. "Viu cumé que deu tudo certinho? O passageiro tá indo pro Lago Norte", disse ele para a mulher. O Brasil é um país único, sem dúvida. E logo começou a falar de malas e cuecas. "Cumé que pode, deputado roubando e falando que é dinheiro de igreja, ai é filé! Esse presidente é meio frouxo, diz que vai apurar e demitir, mas o cara fica com a mala, ai é filé! Eu tô precisando de umas malas dessas."

A situação é mesmo surreal, só se fala em mensalão e cueca. Roberto Jefferson, aquele da tropa de choque Collorida é um herói, não digo que sem caráter, porque Macunaíma não merece. Tem um tal de ACM Neto, em sua primeira legislatura, é uma das estrelas do "picadeiro" da CPI dos Correios, não pode ver uma câmera de televisão. É neto do avô, sem dúvida, não nega a raça, prepotência e arrogância. Se acha o rei da cocada preta. Difícil saber quem são os palhaços do circo, desconfio que somos nós. Luís Inácio avisou:
são 300 picaretas com anel de doutor. Agora também são as bestas-feras, só não se pode afirmar isso, que acaba dando em demissão. Tem gente séria no Congresso, mas não e fácil identificar quem são esses congressistas.

A crise é tão maluca que além dos dólares na cueca e os reais nas malas dos malas, tem até um personagem que se chama Jacinto Lamas. Era o tesoureiro do PL, até há alguns dias. Ninguém sabe aonde vai parar essa "coisa". Além de toda a corrupção que está deixando o país desorientado e triste, indignação não se vê muito, o sentimento geral é de desânimo. Não é para menos, nos já vimos esse filme em 1992 com o canastrão do Collor. O comportamento do PT, Lula incluído, é deplorável, o mínimo que se pode dizer, é que estão querendo tapar o sol com a peneira. Os argumentos de defesa da turma do PT são totalmente furados para ficarmos no exemplo da peneira. Se fosse uma novela, seria obra de um escritor com grande imaginação, pura ficção.
Infelizmente é a realidade com cheiro de mofo. A diferença é que se na época do ex-presidente Collor, os pais era só esperança, agora é desesperança. Se em 2002 o mote era sem medo de ser feliz, hoje é com muito medo de ser infeliz. Tem secretaria, ex-mulher, assessor, tesoureiro, Operação Paraguai, caixa dois, só está faltando o motorista.

Andei bastante pelo Setor Comercial, Conic, Conjunto Nacional e Rodoviária.
Aquilo é uma loucura, como louco é o verdadeiro Brasil. Gente com cara sofrida batalhando para sobreviver hoje, amanhã e um outro dia, não é só uma frase, é a dura realidade brasileira. A passarela superior da Rodoviária é uma grande confusão, tão cheia de camelos que é quase impossível andar na calçada. É um retrato de Brasília e do país real, nada a ver com a famosa ilha da fantasia. Piadas e o que mais se ouve por ali, novamente cuecas e malas. "Ha malas que vem pros bens." Essa é a piada da hora. Cuecas grandes, bem grandes pra caberem 100 mil dólares, anunciam uns camelos.

A paciência do povo parece não ter fim. Rir é o melhor remédio e o que nos resta, dizem os brasileiros. Ninguém sabe mais quem fala a verdade (artigo em falta no Planalto Central e no Brasil) e quem fala a mentira.

Numa dessas andanças encontrei a turma do Liberdade Condicional, um grupo de rap de Brasília. Os caras têm um som legal, comprei o terceiro CD deles que se chama "Crime sem perdão". Algumas letras das músicas parecem ter sido feitas para essa "falta de esculhambação" que rola em Brasília, a mentira é um dos temas. Na faixa título eles cantam: "No mundo do crime não há solução, uns vão para a cadeia outros descem o caixão... Não estou aqui pra segurar pepino de ninguém. Deu sua palavra, tem que cumprir. Acostumado a pegar tudo e nunca dividir. Agora os caras estão na sua cola. Vê se desenrola. Pega as notas e pague o preju. Tá complicado, não vai dar pra aliviar dessa vez...Taí uma mentira que não dá pra acreditar. Os falsos profetas querendo te enganar na intenção de iludir, adquirir. Se tornaram muitos ricos enganando o povo daqui."

Na verdade eles estão falando de religião, mas serve perfeitamente para a situação política brasileira. Brasília sofre muito com essa roubalheira, dinheiro fácil que não e de ninguém, já que é de todo mundo. As Hebes, os Cassetas e outros desinformados acham que a capital é a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes e se esquecem convenientemente, que foi toda a população brasileira quem mandou seus representantes para o Planalto Central. O tal de Marcos Valério, o sujeito que movimentou mais de um bilhão de real (o plural anda sumido na língua portuguesa) tem sua base em MG e parece que andou pagando deputados de quase todos os estados e partidos. A corrupção não tem escrúpulos nem ideologia.

Dei uma passada no Beirute, outro termômetro da cidade. Continua o mesmo bar heterogêneo de sempre, com várias tribos. A diferença é que vi pela primeira vez um secretário do Governador Roriz freqüentando o reduto da oposição brasiliense. Definitivamente a cidade absorveu o Roriz, abertamente comparado a Adhemar de Barros, aquele do rouba mas faz. Agora que o escândalo é federal, ninguém presta muita atenção em Roriz, que vai tocando suas pontes e viadutos no Distrito Federal.

Saí de Brasília para Belo Horizonte, via Araxá. Aproveitei para visitar o Grande Hotel de Araxá, que está reformado e muito bem cuidado. Nas termas a recepcionista me ofereceu um banho de lama, 38 reais por uma hora. Expliquei que estava chegando de Brasília e banho de lama era a última coisa que estava precisando, estava tentando sair de uma overdose compulsória. Ela entendeu e concordou.

Como diz o Rafa, meu amigo, "tudo isso é muito sem noção."

Cláudio Versiani*

* Jornalista há 27 anos, foi editor de Fotografia do Correio Braziliense e repórter de Veja, Istoé e O Globo. Seu trabalho como fotógrafo já lhe rendeu vários prêmios nacionais e internacionais, como o Líbero Badaró, o Nikon Awards e o Abril de fotojornalismo.


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A situação é mesmo surreal, só se fala em mensalão e cueca. Roberto Jefferson, aquele da tropa de choque Collorida é um herói, não digo que sem caráter, porque Macunaíma não merece. Tem um tal de ACM Neto, em sua primeira legislatura, é uma das estrelas do "picadeiro" da CPI dos Correios, não pode ver uma câmera de televisão. É neto do avô, sem dúvida, não nega a raça, prepotência e arrogância. Se acha o rei da cocada preta. Difícil saber quem são os palhaços do circo, desconfio que somos nós. Luís Inácio avisou:
são 300 picaretas com anel de doutor. Agora também são as bestas-feras, só não se pode afirmar isso, que acaba dando em demissão. Tem gente séria no Congresso, mas não e fácil identificar quem são esses congressistas.

A crise é tão maluca que além dos dólares na cueca e os reais nas malas dos malas, tem até um personagem que se chama Jacinto Lamas. Era o tesoureiro do PL, até há alguns dias. Ninguém sabe aonde vai parar essa "coisa". Além de toda a corrupção que está deixando o país desorientado e triste, indignação não se vê muito, o sentimento geral é de desânimo. Não é para menos, nos já vimos esse filme em 1992 com o canastrão do Collor.

O comportamento do PT, Lula incluído, é deplorável, o mínimo que se pode dizer, é que estão querendo tapar o sol com a peneira. Os argumentos de defesa da turma do PT são totalmente furados para ficarmos no exemplo da peneira. Se fosse uma novela, seria obra de um escritor com grande imaginação, pura ficção.
Infelizmente é a realidade com cheiro de mofo. A diferença é que se na época do ex-presidente Collor, os pais era só esperança, agora é desesperança. Se em 2002 o mote era sem medo de ser feliz, hoje é com muito medo de ser infeliz. Tem secretaria, ex-mulher, assessor, tesoureiro, Operação Paraguai, caixa dois, só está faltando o motorista.

Andei bastante pelo Setor Comercial, Conic, Conjunto Nacional e Rodoviária.
Aquilo é uma loucura, como louco é o verdadeiro Brasil. Gente com cara sofrida batalhando para sobreviver hoje, amanhã e um outro dia, não é só uma frase, é a dura realidade brasileira. A passarela superior da Rodoviária é uma grande confusão, tão cheia de camelos que é quase impossível andar na calçada. É um retrato de Brasília e do país real, nada a ver com a famosa ilha da fantasia. Piadas e o que mais se ouve por ali, novamente cuecas e malas. "Ha malas que vem pros bens." Essa é a piada da hora. Cuecas grandes, bem grandes pra caberem 100 mil dólares, anunciam uns camelos.

A paciência do povo parece não ter fim. Rir é o melhor remédio e o que nos resta, dizem os brasileiros. Ninguém sabe mais quem fala a verdade (artigo em falta no Planalto Central e no Brasil) e quem fala a mentira.

Numa dessas andanças encontrei a turma do Liberdade Condicional, um grupo de rap de Brasília. Os caras têm um som legal, comprei o terceiro CD deles que se chama "Crime sem perdão". Algumas letras das músicas parecem ter sido feitas para essa "falta de esculhambação" que rola em Brasília, a mentira é um dos temas.

Na faixa título eles cantam: "No mundo do crime não há solução, uns vão para a cadeia outros descem o caixão... Não estou aqui pra segurar pepino de ninguém. Deu sua palavra, tem que cumprir. Acostumado a pegar tudo e nunca dividir. Agora os caras estão na sua cola. Vê se desenrola. Pega as notas e pague o preju. Tá complicado, não vai dar pra aliviar dessa vez...Taí uma mentira que não dá pra acreditar. Os falsos profetas querendo te enganar na intenção de iludir, adquirir. Se tornaram muitos ricos enganando o povo daqui."

Na verdade eles estão falando de religião, mas serve perfeitamente para a situação política brasileira. Brasília sofre muito com essa roubalheira, dinheiro fácil que não e de ninguém, já que é de todo mundo. As Hebes, os Cassetas e outros desinformados acham que a capital é a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes e se esquecem convenientemente, que foi toda a população brasileira quem mandou seus representantes para o Planalto Central.

O tal de Marcos Valério, o sujeito que movimentou mais de um bilhão de real (o plural anda sumido na língua portuguesa) tem sua base em MG e parece que andou pagando deputados de quase todos os estados e partidos. A corrupção não tem escrúpulos nem ideologia.

Dei uma passada no Beirute, outro termômetro da cidade. Continua o mesmo bar heterogêneo de sempre, com várias tribos. A diferença é que vi pela primeira vez um secretário do Governador Roriz freqüentando o reduto da oposição brasiliense. Definitivamente a cidade absorveu o Roriz, abertamente comparado a Adhemar de Barros, aquele do rouba mas faz. Agora que o escândalo é federal, ninguém presta muita atenção em Roriz, que vai tocando suas pontes e viadutos no Distrito Federal.

Saí de Brasília para Belo Horizonte, via Araxá. Aproveitei para visitar o Grande Hotel de Araxá, que está reformado e muito bem cuidado. Nas termas a recepcionista me ofereceu um banho de lama, 38 reais por uma hora. Expliquei que estava chegando de Brasília e banho de lama era a última coisa que estava precisando, estava tentando sair de uma overdose compulsória. Ela entendeu e concordou.

Como diz o Rafa, meu amigo, "tudo isso é muito sem noção."

Cláudio Versiani*

* Jornalista há 27 anos, foi editor de Fotografia do Correio Braziliense e repórter de Veja, Istoé e O Globo. Seu trabalho como fotógrafo já lhe rendeu vários prêmios nacionais e internacionais, como o Líbero Badaró, o Nikon Awards e o Abril de fotojornalismo.


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