Biografia de Eugénio de Andrade

(em português de Portugal)

 

1923 – Nasce na Póvoa de Atalaia (Beira Baixa), no dia 19 de Janeiro, o futuro poeta Eugénio de Andrade, a quem foi posto o nome civil de José Fontinhas, rapidamente eclipsado pelo pseudónimo com que assinou todos os seus livros, desde "Adolescente", em 1942.

A mãe, evocada em tantos dos seus poemas, chamava-se Maria dos Anjos. O pai, oriundo de uma família rural abastada, era Alexandre. Só bastante depois do nascimento do filho é que vieram a casar-se, mas o matrimónio durou pouco. Durante décadas, Eugénio rasurou a figura do pai. Numa entrevista que deu ao PÚBLICO no início dos anos 90, designa-o, ironicamente, como "o senhorito do Monte da Ribeira da Orca". Quando este, finalmente, decide perfilhá-lo, Eugénio recusa.

1932 – A mãe, a quem o pai ia escrevendo cartas de Lisboa, muda-se para a capital. Eugénio acompanha-a.

1933 – Estuda no Liceu Passos Manuel e inscreve-se, depois, na Escola Técnica Machado de Castro, pensando seguir Engenharia.

1935 – Na biblioteca de um vizinho, encontra obras de Eça, Junqueiro e Aquilino, e de romancistas estrangeiros, como Dumas, Júlio Verne ou Jack London. Descobre ainda um livro de António Botto, que irá conhecer pessoalmente e que o incitará a publicar o seu primeiro poema, depois repudiado, "Narciso".

1936 – Escreve os seus primeiros poemas.

1938 – Abandona Engenharia e conclui os estudos liceais, excepção feita à disciplina de Matemática.

1939 – Estimulado por Botto, publica, numa "plaquette", o poema "Narciso", que ainda assina com o seu nome civil e que cedo rejeitará.

1942 – Publica "Adolescente", o seu livro de estreia, dedicado a Pessoa, do qual apenas irá salvar alguns poucos textos depois publicados em "Primeiros Poemas".

1943 – Instala-se com a mãe nos arredores de Coimbra. Conhece Afonso Duarte, Torga, Carlos de Oliveira e Eduardo Lourenço.

1944 – É incorporado no serviço militar, mas, após a recruta, colocam-no nos serviços de saúde de Lisboa, e depois de Coimbra.

1945 – Publica "Pureza", que terá o mesmo destino de "Adolescente": rejeita a obra, mas recupera alguns poemas.

1946 – Traduz e publica uma antologia de poemas de Lorca.

1947 – Sai pela primeira vez de Portugal, viajando por Espanha, França e Holanda. Conhece Sophia de Mello Breyner Andresen. É admitido nos Serviços Médico-Sociais, nos quais se manterá em funções, como inspector, até 1983.

1948 – É o ano da consagração, com a saída de "As Mãos e os Frutos", que recolhe o aplauso de críticos tão exigentes como Nemésio e Jorge de Sena.

1949 – Torna-se amigo de Mário Cesariny e priva com o grupo dos surrealistas, um movimento que poucas marcas deixará na sua poesia.

1950 – Publica "Os Amantes Sem Dinheiro". Muda-se para o Porto. Durante décadas mora num andar da Rua do Duque de Palmela, que só deixará para ir habitar no edifício da Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.

1951 – Publica "As Palavras Interditas". Conhece Pascoaes.

1952 - Em Madrid, priva com Vicente Aleixandre e Ángel Crespo.

1956 – Morre a sua mãe. Publica "Até Amanhã", cuja edição original é ilustrada com originais de Jean Cocteau.

1957 – Publica "Coração do Dia". Conhece Luis Cernuda, cujas cartas a Eugénio foram publicadas em Espanha, em 1979. Jorge de Sena, de quem se tornara amigo no início da década, inclui-o nas suas "Líricas Portuguesas".

1959 – Óscar Lopes organiza no Porto um colóquio sobre a sua poesia.

1960 – Conhece Marguerite Yourcenar, com quem se corresponderá. Lopes-Graça edita em disco as suas composições para os poemas de "As Mãos e os Frutos".

1961 – Viaja pela Galiza e pelo País Basco. Nos anos seguintes irá sistematicamente escolher como destino de férias a Espanha, donde era originária a sua avó.

1964 – Publica "Ostinato Rigore", que ele próprio continua a considerar, a par do posterior "Branco no Branco", um dos seus melhores livros.

1966 – Sai, na Portugália, a primeira edição da sua obra reunida.

1968 – Publica "Os Afluentes do Silêncio" (prosa) e, na editora Inova, "Daqui Houve Nome Portugal", uma monumental antologia de verso e prosa sobre o Porto.

1969 – Traduz as "Cartas Portuguesas" atribuídas a Mariana Alcoforado.

1971 – Publica "Obscuro Domínio" e mais uma enorme antologia, desta vez dedicada a Coimbra: "Memórias de Alegria". A Inova, que será a sua principal editora nos anos 70, lança "21 Ensaios Sobre Eugénio de Andrade".

1972 – Publica a antologia de poesia erótica "Variações Sobre Um Corpo", uma recolha da sua própria poesia - "Antologia Breve" - e o volume "Versos e Alguma Prosa de Luís de Camões". Uma das reedições da sua escolha de Camões irá bater, logo após o 25 de Abril, todos os recordes de tiragens: nada menos do que meio milhão de exemplares, boa parte deles distribuídos pelos países africanos de língua portuguesa.

1973 – Publica "Véspera da Água"

1974 – Publica, em edição bilingue (português-italiano) "Escrita da Terra e Outros Epitáfios", que depois dividirá em dois livros, passando o segundo a chamar-se "Homenagens e Outros Epitáfios".

1976 – Publica "Limiar dos Pássaros e a sua primeira obra de literatura infanto-juvenil: "História da Égua Branca". A Inova e a Fundação Eng.º António de Almeida organizam uma exposição e um colóquio para assinalar os 30 anos de trabalho literário do poeta.

1977 – Com o encerramento da Inova, a sua obra passa a ser editada pela Limiar.

1978 – Publica "Memória Doutro Rio".

1979 – Publica "Rosto Precário", uma selecção das poucas entrevistas que foi dando.

1980 – Publica "Matéria Solar". Nasce, no dia 11 de Março, o seu afilhado, Miguel.

1981 – Primeiro encontro com Jorge Luís Borges. Óscar Lopes edita um volume dedicado à poesia de Eugénio: "Uma Espécie de Música".

1982 – Publica "O Peso da Sombra". Recebe o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago de Espada.

1983 – É nomeado para a Académie Mallarmé, de Paris.

1984 – "Branco no Branco", editado neste ano, recebe o Prémio de Poesia do Pen Club.

1985 – Viaja pela Grécia. A Câmara do Porto concede-lhe a Medalha de Mérito da cidade.

1986 – Recebe o prémio da Associação Internacional dos Críticos Literários.

1987 – Edita "Vertentes do Olhar", que recebe o Prémio Dom Dinis, da Fundação da Casa de Mateus.

1988 – Publica "O Outro Nome da Terra", ao qual é atribuído o primeiro Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores. É homenageado com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.

1989 – A tradução francesa de "Branco no Branco" vale-lhe o Prémio Jean Malrieu, para o melhor livro de poesia estrangeira editado em França.

1991 – Um grupo de amigos decide criar a Fundação Eugénio de Andrade, garantindo o apoio da autarquia.

1992 – Publica, já com a chancela da nova fundação, que só abrirá as portas em 1995, o livro "Rente ao Dizer". Os seus 50 anos de trabalho literário, contados desde a publicação de "Adolescente", são comemorados com iniciativas em vários locais do país.

1993 – Publica o livro em prosa "À Sombra da Memória" e um volume sobre o Porto: "A Cidade de Garrett". Realiza-se, em Serralves, um colóquio internacional dedicado ao poeta, com organização de Arnaldo Saraiva e Fernando Pernes.

1994 – Publica "Ofício de Paciência". Muda-se para a casa da Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.

1995 – Publica "O Sal da Língua". A fundação com o seu nome abre finalmente ao público. Desde então tem promovido regularmente, entre outras actividades, encontros com poetas e romancistas.

1997 – Publica "Pequeno Formato".

1998 – Publica "Os Lugares do Lume".

1996 – Recebe o Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (Jugoslávia).

2000 – É-lhe atribuído o Prémio Extremadura de criação literária (prémio de carreira para autores da Península Ibérica e da América Latina), o Prémio Celso Emilio Ferreiro, para autores ibéricos, e o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores.

2001 – Recebe o Prémio Camões. Em Outubro, vai publicar um novo livro, "Os Sulcos da Sede", que terá edição simultânea em Portugal e Espanha.

2003 – Em Setembro a sua obra "Os Sulcos da Sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube.

2005 – Eugénio de Andrade faleceu a 13 de Junho.

(Para esta cronologia, recorreu-se amplamente à obra "Introdução à Poesia de Eugénio de Andrade", de Arnaldo Saraiva)

In Público de 11.07.01 e 13.06.05

 

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